(Reuters) - O diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Tiago Berriel, afirmou nesta terça-feira que o crescimento econômico brasileiro continua a se recuperar, mas a ritmo mais lento do que o projetado, destacando que uma aceleração depende da redução das incertezas sobre as reformas.
"Uma aceleração no ritmo da recuperação econômica para níveis mais robustos vai depender de um ambiente de incertezas reduzidas quanto à aprovação e implementação de reformas", disse ele, segundo a apresentação de palestra para investidores internacionais em evento promovido pela embaixada do Brasil em Londres, nesta terça-feira.
Segundo Berriel, as incertezas sobre as reformas, destacadamente as de natureza fiscal, adiarão decisões de investimento. O cenário do BC, segundo ele, é de que a recuperação gradual será retomada, mas que há um alto nível de ociosidade econômica.
Em meio a incertezas em torno do processo de reforma da Previdência, o que vem afetando a confiança, a economia brasileira recuou 0,2% no primeiro trimestre na comparação com o anterior, na primeira queda trimestral desde o fim de 2016.
No mês passado, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, já havia reiterado que o processo de recuperação gradual da atividade econômica sofreu interrupção no período recente, mas que o cenário básico do BC contempla uma retomada adiante.
O diretor de Assuntos Internacionais repetiu ainda que a economia brasileira tem capacidade de lidar com um revés no cenário internacional e absorver choques, dadas suas políticas consistentes e proteções. Ele citou na apresentação divulgada no site do BC as expectativas ancoradas de inflação, flexibilidade do câmbio, robusto balanço de pagamentos, nível confortável de reservas internacionas e perspectivas de recuperação econômica.
Em relação ao cenário global, este permanece desafiador, de acordo com Berriel. Alguns riscos diminuíram, com a normalização das taxas de juros em algumas economias avançadas e a revisão por bancos centrais das principais economias para políticas monetárias mais flexíveis do que o esperado.
Mas outros riscos permanecem ou aumentaram, como as tensões comerciais, a desaceleração econômica global e a aversão ao risco envolvendo emergentes.
(Por Camila Moreira, em São Paulo)