Por John O'Donnell e Eva Taylor
FRANKFURT (Reuters) - O presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, deixou completamente abertas as portas para ações mais dramáticas para resgatar a economia da zona do euro, dizendo nesta setxa-feira que a inflação "excessivamente baixa" precisa ser elevada rapidamente custe o que custar.
Draghi disse que neste momento não há sinais de melhora econômica para os próximos meses, e disse que o BCE vai ampliar e intensificar seu programa para injetar mais dinheiro no bloco monetário caso suas medidas atuais não consigam aumentar a inflação.
"Vamos continuar cumprindo nossa responsabilidade. Vamos fazer o que for preciso elevar a inflação e as expectativas de inflação o mais rápido possível, pois nosso mandato de estabilidade dos preços exige isso de nós", disse Draghi em discurso durante um congresso bancário anual.
"Se em sua atual trajetória nossa política não for suficientemente eficaz para isso, ou mais riscos para as perspectivas de inflação se materializarem, nós vamos aumentar a pressão e ampliar ainda mais os canais pelos quais fazemos intervenções, alterando consequentemente o tamanho, ritmo e composição de nossas compras", acrescentou.
Draghi dissera na segunda-feira que mais medidas poderiam envolver compras de títulos de governos em larga escala, também conhecidas como "quantitative easing" --medida particularmente combatida na maior economia do bloco, a Alemanha.
"Estas fortes declarações mostram que mais estímulos monetários estão na manga e podem acontecer logo. A questão é como elas serão", disse o economista da ABN Amro, Nick Kounis.
As declarações de Draghi foram quase tão dramáticas quanto seu discurso "o que for preciso", de 2012, com o qual ele tirou a zona do euro da beira do abismo.
Tendo apontado no começo da semana para os primeiros sinais de melhora, Draghi disse nesta sexta-feira que a situação continua difícil, e que a mais recente pesquisa de negócios sugere que uma recuperação forte não deve ocorrer nos próximos meses.
"Nos horizontes mais curtos, no entanto, os indicadores têm caído a níveis que consideraria extremamente baixos", disse ele.
A economia da zona do euro está atolada em crescimento e inflação baixos há meses. O BCE vem tentando desbloquear crédito a famílias e empresas, inundando o mercado com bilhões de euros por meio de compras de dívidas securitizadas.