Por Maria Martinez
BERLIM (Reuters) - A economia alemã recuou mais fortemente do que o esperado nos últimos três meses de 2022, com a inflação e a crise energética afetando o consumo das famílias e o investimento.
O Produto Interno Bruto (PIB) alemão encolheu 0,4% no quarto trimestre do ano passado em comparação com os três meses anteriores, informou a agência de estatísticas do país nesta sexta-feira.
Dados preliminares haviam apontado anteriormente uma contração trimestral de 0,2%, ajustada para efeitos de preço e calendário. No terceiro trimestre, o PIB alemão teve um ligeiro crescimento de 0,5% em relação aos três meses anteriores.
A segunda queda consecutiva no componente de situação atual da pesquisa de confiança do instituto Ifo, a queda do PMI industrial, a fraca confiança do consumidor e a disposição de gastar perto de mínimas históricas apontam para uma contração da economia alemã mais uma vez no primeiro trimestre de 2023, disse o chefe global de macroeconomia do ING, Carsten Brzeski.
O resultado final pior do que o esperado para o PIB do quarto trimestre aumenta os temores de uma recessão alemã no inverno. Uma recessão é comumente definida como dois trimestres sucessivos de contração.
"Os números de hoje mostram que o forte aumento nos preços da energia desacelerou visivelmente a economia, apesar das extensas medidas de ajuda do governo", disse o economista do Commerzbank Ralph Solveen. Com o aperto global da política monetária, Solveen disse que dificilmente haverá uma recuperação econômica perceptível.
Após o fim de medidas de alívio, como o desconto no combustível e um vale-transporte de 9 euros, os consumidores da Alemanha gastaram menos no quarto trimestre do que no terceiro, disse o escritório de estatísticas. Os gastos das famílias caíram 1,0%, enquanto os gastos do governo subiram 0,6% em relação ao trimestre anterior.