Por Stanley White e Leika Kihara
TÓQUIO (Reuters) - Os banqueiros centrais dos Estados Unidos e de outros países ricos deveriam levar mais em conta o impacto de suas políticas nas economias emergentes, disse o presidente do banco central britânico, Mark Carney, nesta quinta-feira.
"Embora não seja realista esperar que os formuladores de políticas de economia avançada internalizem totalmente as repercussões de suas ações nos mercados emergentes, dados seus mandatos domésticos, (suas) políticas monetárias terão cada vez mais que levar em conta suas consequências", disse ele.
Os Estados Unidos representavam apenas 15% da produção econômica global, mas o dólar norte-americano era usado em mais da metade do comércio internacional, e o dólar funcionava como uma âncora monetária para as economias, representando 70% da produção mundial, disse Carney.
"Isso significa que os acontecimentos nos EUA têm uma influência desproporcional nas condições econômicas e financeiras globais", disse ele a executivos do Instituto de Finanças Internacionais, que se reúne em Tóquio.
"Quando o Fed responde a desenvolvimentos domésticos, como um afrouxamento na política fiscal, as condições financeiras globais e atividade reagem fortemente. Foi o caso durante a crise de 2013 e durante o ano passado, ao passo que a comunicação do Fed mudou significativamente as expectativas para a política monetária dos EUA".
No mês passado, Carney disse que os mercados financeiros tinham precificado chances pequenas de novos aumentos nas taxas de juros do Banco da Inglaterra, supondo que o Brexit ocorra tranquilamente, em parte devido a fatores globais que diminuíram os rendimentos dos títulos.
Desde então, o aumento das tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China e a persistência da incerteza do Brexit significam que os mercados agora parecem pensar que o Banco da Inglaterra teria mais probabilidade de cortar as taxas no próximo ano do que de aumentá-las.
Os mercados emergentes devem preservar as independências do bancos centrais, evitar o crescimento excessivo dos empréstimos e depender menos da dívida em moeda estrangeira para se preparar para qualquer recessão futura, acrescentou Carney.
"O espaço fiscal precisará ser usado com cuidado, dados os imperativos estruturais atuais, os riscos crescentes de choques globais e os claros limites da política monetária", disse ele.
((Tradução Redação São Paulo; 55 11 56447727))
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