BRASÍLIA (Reuters) - Economistas pioraram em janeiro sua visão sobre o comportamento das contas públicas neste ano e no próximo, prevendo um rombo primário maior para o governo central (Tesouro, Banco Central e Previdência), conforme relatório Prisma Fiscal divulgado nesta quinta-feira pelo Ministério da Economia.
Segundo a mediana dos dados coletados até o quinto dia útil deste mês, a expectativa passou a ser de déficit primário de 102,386 bilhões de reais para este ano, ante 100,031 bilhões de reais apontados no levantamento do mês passado.
Ainda assim, o número seguiu distante do saldo negativo de 139 bilhões de reais estabelecido como meta fiscal para 2019.
O governo do presidente Jair Bolsonaro foi eleito com a promessa de zerar o déficit das contas públicas já neste ano.
Mas diante do forte descasamento entre receitas e despesas no país, agravado pela rigidez de gastos obrigatórios como com Previdência e com a folha de salário do funcionalismo, a tarefa só será possível mediante arrecadação de receitas extraordinárias, como com o leilão do excedente do pré-sal, que pode render à União mais de 100 bilhões de reais.
O processo, contudo, ainda depende de uma série de definições, como a revisão do contrato da cessão onerosa com a Petrobras (SA:PETR4).
Para 2020, a estimativa dos economistas é de um rombo primário de 68,778 bilhões de reais, maior que o déficit de 63,293 bilhões de reais visto em dezembro.
Neste caso, a meta fiscal ainda não foi definida, mas foi indicada pelo governo anterior como um rombo primário de 110 bilhões. A nova equipe econômica baterá o martelo sobre a meta fiscal do próximo ano no projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que deverá ser encaminhado ao Congresso Nacional até 15 de abril deste ano.
Em relação à dívida bruta, os cálculos para 2019 e 2020 tiveram ligeira melhora. Neste ano, a dívida deve fechar a 78,20 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), mostrou o Prisma, ante percentual de 78,34 por cento no último relatório.
Já no ano que vem a dívida deve subir a 79,80 por cento do PIB, sobre patamar de 80 por cento visto antes.
(Por Marcela Ayres)