Por Elena Fabrichnaya
MOSCOU (Reuters) - O banco central da Rússia vai considerar cortar a taxa de juros na próxima semana, mas já usou muito do seu espaço para afrouxar a política monetária e prevê limites para o que pode fazer no futuro, disse o vice-presidente Alexei Zabotkin à Reuters.
O banco central cortou sua taxa básica de juros em 100 pontos-base, o maior corte em cinco anos, para uma mínima recorde de 4,5% em sua última reunião. Foi a terceira redução este ano, à medida que enfrenta uma economia em contração e uma inflação baixa.
Embora o banco veja um "risco significativo" de que a inflação permanecerá abaixo da meta de 4% no próximo ano, Zabotkin disse que o afrouxamento da política monetária provavelmente será mais gradual. A taxa básica estava a 6,25% no início deste ano.
"O mais provável é que o ritmo de cortes adicionais seja mais gradual, dado que uma parte significativa do espaço para afrouxamento já foi usado", disse ele. A diretoria do banco central vai se reunir em 24 de julho para decidir sobre a taxa básica.
Com a projeção de contração da economia russa em até 6% este ano, o governo planeja gastar quase 4 trilhões de rublos (56 bilhões de dólares) para combater as consequências econômicas do coronavírus.
A necessidade de fundos adicionais obrigou o Ministério das Finanças a afrouxar temporariamente sua regra fiscal para aumentar os gastos, a maior parte dos quais será garantida através da impressão de títulos estatais OFZ em rublos.
O banco central, que no passado estava em desacordo com o Ministério das Finanças em relação ao ritmo dos gastos orçamentários e ao impacto potencial em suas metas de inflação, elogiou os esforços do ministério.
"Este ano, a política orçamentária vem em forma de estímulo que apoia substancialmente a demanda e restringe as tendências existentes de desinflação", disse Zabotkin.
O banco central não vê nenhuma ameaça dos planos do Ministério das Finanças de aumentar a dívida do Estado, disse ele, mas acrescentou que é importante voltar à regra fiscal --e ao teto de gastos-- depois que a crise terminar em 2021 ou 2022.
(Reportagem de Elena Fabrichnaya)