Por Kevin Yao
PEQUIM (Reuters) - A China deverá evitar fixar uma meta de crescimento para 2021, descartando a medida observada de perto pelo segundo ano seguido diante de preocupações de que mantê-la poderia encorajar as economias das províncias a aumentar a dívida, disseram fontes à Reuters.
A segunda maior economia do mundo registrou crescimento de 2,3% no ano passado apesar das consequências da pandemia, e irá se recuperar com uma taxa de 8,4% este ano graças à agressiva resposta do governo e à retomada global, de acordo com pesquisa da Reuters junto com economistas.
Mas as autoridades temem que atrelar ambições oficiais a uma taxa específica de crescimento possa encorajar governos regionais a buscar um crescimento ainda mais alto, provocando por sua vez um aumento nocivo da dívida para atingir a meta, disseram duas fontes.
Assessores do governo que pedem que não haja meta para o Produto Interno Bruto (PIB) de novo este ano parecem estar ganhando terreno, enquanto autoridades podem de novo sinalizar uma meta de forma implícita visando emprego e outros indicadores, disseram as fontes, que pediram para não ser identificadas porque as discussões são confidenciais.
"Não vamos determinar uma meta explícita, mas na realidade haverá uma meta", disse um assessor do governo, uma das três fontes que dizem que a meta será de novo descartada.
"Não iremos enfatizar a importância de alcançar um objetivo a qualquer custo."
Mas discussões internas continuam antes da reunião anual do Parlamento da China no começo de março, e uma fonte disse que a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, principal órgão de planejamento estatal, continua interessada em ter uma meta de crescimento.
A comissão e o escritório de informação do Conselho Estatal da China não responderam imediatamente a pedidos de comentário.
A China deixou de determinar um objetivo no ano passado pela primeira vez em 18 anos conforme a Covid-19 afetava a economia global, levando a China a uma forte contração antes de registrar robusta recuperação graças aos rigorosos controles e forte demanda por produtos fabricados no país.
Ainda assim, muitos economistas suspeitam que o governo manteve um objetivo implícito de crescimento de cerca de 3% em 2020.
O governo deve buscar uma inflação em torno de 3% este ano, abaixo da meta do ano passado de 3,5% mas acima da alta real de 2,5% nos preços dos consumidores, disseram fontes à Reuters.
Entre as opções propostas por assessores, eles disseram: uma meta de PIB em torno de 8%, em linha com as projeções, ou nenhuma projeção.