Por David Lawder
WASHINGTON (Reuters) - As exportações de bens dos Estados Unidos para a China caíram em dezembro, consolidando um aumento de 45 bilhões de dólares no déficit comercial dos EUA com o país asiático em 2021 e um saldo negativo de dois anos nos compromissos de compra de Pequim sob a "Fase 1" do acordo comercial negociado pelo ex-presidente Donald Trump.
O escritório de estatísticas norte-americano informou nesta terça-feira que o déficit comercial de bens dos Estados Unidos com a China aumentou 14,5%, a 355,3 bilhões de dólares, o maior desde o recorde de 2018 de 418,2 bilhões de dólares. O rombo de 2020 havia sido de 310,3 bilhões de dólares, mínima em dez anos.
As importações pelos EUA da China em 2021 aumentaram em 71,6 bilhões de dólares em relação a 2020, ou 16,4%, para 506,4 bilhões de dólares, maior patamar desde 2018. As exportações para a China cresceram 26,6 bilhões de dólares, ou 21,3%, para um recorde de 151,1 bilhões de dólares.
O déficit comercial global dos EUA em 2021 aumentou 27%, para um recorde de 859,1 bilhões de dólares.
Mas o aumento nas exportações dos EUA para a China em 2021 não foi suficiente para fazer cumprir as metas da China de elevar as compras de mercadorias sob a "Fase 1" do acordo comercial assinado em janeiro de 2020, que visava interromper a escalada de uma guerra tarifária sobre produtos chineses lançada por Trump em 2018.
No acordo, Pequim concordou em aumentar, num período de dois anos, as compras de produtos agrícolas e manufaturados dos EUA, energia e serviços em 200 bilhões de dólares acima dos níveis de 2017, entre outros compromissos de acesso ao mercado. Os compromissos de compras expiraram no fim de 2021.
A vice-representante de Comércio dos EUA, Sarah Bianchi, disse na semana passada que estava "muito claro que os chineses não cumpriram seu compromisso na Fase 1" e que o governo Biden estava trabalhando com autoridades do país asiático para resolver o assunto.
Autoridades dos EUA também disseram à Reuters na segunda-feira que estavam perdendo a paciência com o fracasso da China em reverter o não cumprimento de seus compromissos de compra.
Até novembro, a China atingiu apenas cerca de 60% de sua meta de aquisição de mercadorias, de acordo com dados comerciais compilados por Chad Bown, membro sênior do Peterson Institute for International Economics. O declínio nas exportações dos EUA para a China em dezembro mostra que a China não avançou no cumprimento da meta no último mês de 2021.