STF forma maioria para condenar Bolsonaro por crime de organização criminosa em ação por tentativa de golpe
Na segunda etapa do pregão, os juros futuros mais curtos zeraram as quedas observadas no início do dia. Já a ponta longa, que operava em estabilidade, passou a subir. A piora generalizada nos vértices ocorreu na esteira da disparada do dólar, que renovou máximas na tarde de hoje.
"O dólar em alta puxa para cima a curva, que vinha com bom desempenho por conta do índice mais fraco de atividade do Banco Central de maio", afirma Flávio Serrano, economista-chefe do banco BMG (BVMF:BMGB4). Divulgado hoje pela autoridade monetária, o IBC-Br caiu 0,74% entre abril e maio, feito o ajuste sazonal, resultado que reforçou a avaliação de que a economia está em rota gradual de desaquecimento. O dado, que ficou aquém do esperado pelo mercado, poderia ser interpretado como mais um fator que abriria espaço para o início do ciclo de flexibilização monetária.
No fim da sessão, no entanto, as incertezas sobre a resposta do governo brasileiro à ofensiva comercial dos Estados Unidos pesaram sobre o câmbio e se refletiram também sobre o mercado de juros. Até o momento, a tarifa de 50% anunciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, a produtos nacionais é a mais elevada. Ao todo, 24 países já receberam notificações de Trump sobre alíquotas de importação nesta nova rodada.
Encerrados os negócios, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) que vence em janeiro de 2026 ficou em 14,940%, igual ao ajuste de sexta-feira. O DI de janeiro de 2027 oscilou de 14,327% no ajuste anterior para 14,285%. O DI de janeiro de 2028 marcou 13,570%, vindo de 13,602% no ajuste antecedente, e o DI do primeiro mês de 2029 subiu de 13,466% no último ajuste para 13,470%.
Na parte mais longa da curva, o DI de janeiro de 31 avançou de 13,592% no ajuste anterior para 13,650%. O contrato que vence em janeiro de 2033, por sua vez, aumentou de 13,645% no ajuste de sexta a 13,740%.
O Broadcast Político apurou que o comitê interministerial montado pelo Planalto para analisar o tarifaço de Trump começa a se reunir nesta terça com representantes do setor privado. Fontes também afirmaram que o decreto de regulamentação da lei da reciprocidade econômica deve vir a público amanhã.
Para Marcelo Bacelar, gestor de portfólio da Azimut Brasil Wealth Management, é difícil apontar um único fator que tenha explicado a abertura das taxas hoje, mas certamente o imbróglio sobre as tarifas adiciona prêmio à curva. Além do porcentual alto já informado para o Brasil e dúvidas sobre como o governo Lula vai reagir, Bacelar destaca a ameaça feita nesta segunda por Trump à Rússia - segundo o presidente americano, "tarifas secundárias sobre o país podem chegar a 100%" caso não haja um acordo sobre um cessar-fogo na guerra da Ucrânia nos próximos 50 dias.
"Essa afirmação coloca o Brics, do qual o Brasil faz parte, em uma cesta que é um suporte para a Rússia. Temos que ver como o Brasil vai ser tratado neste contexto, se a tensão vai escalar mais. Tudo o que vejo é risco, e que o prêmio de risco seria mais alto", diz Bacelar, que também considera o quadro fiscal interno como outro ponto de atenção.
O gestor da Azimut destaca o parecer do deputado Arthur Lira (PP-AL) sobre o projeto de lei de isenção do Imposto de Renda (IR), que ampliou o desconto, antes previsto para rendimentos mensais até R$ 5 mil, para até R$ R$ 7.350 por mês. A previsão, de acordo com Lira, é que o plenário vote a proposta em agosto. "Essas discussões abrem espaço para negociações pró-gastos, que adicionam risco para moeda e juros", diz Bacelar.