Por Jason Lange e Howard Schneider
WASHINGTON (Reuters) - O Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, acredita que a economia estava próxima de justificar um aumento de juros em setembro, mas integrantes decidiram que era prudente esperar por evidências de que a desaceleração da economia global não está tirando os EUA dos trilhos.
A ata da reunião de 16 e 17 de setembro do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), divulgada nesta quinta-feira, mostrou que o comitê foi perturbado por sinais de desaceleração da economia global, mas não acreditava que isso "alterou de forma material" a perspectiva econômica.
"Entretanto, em parte por causa dos riscos à perspectiva para a atividade econômica e inflação, o comitê decidiu que era prudente esperar por informação adicional", disse o Fed na ata.
O Fed surpreendeu muitos em Wall Street ao deixar a taxa de juros inalterada na reunião de setembro.
Alguns membros do Fed desde então têm dito que a decisão foi apertada, e a ata mostrou que muitos deles ainda pensavam que seria apropriado elevar os juros "até o fim do ano".
Há duas semanas, a chair do Fed, Janet Yellen, disse esperar que o banco central dos EUA comece a subir a taxa de juros este ano, desde que a inflação permaneça estável e a economia norte-americana esteja forte o suficiente para impulsionar o emprego.
O presidente do Fed de São Francisco, John Williams, tem repetido em seus discursos mais recentes sua posição favorável à alta de juros "em algum momento neste ano", citando o mercado de trabalho próximo do pleno emprego e a expectativa de que a inflação suba.
Mas em conversas sobre a que distância a economia estava de alcançar os objetivos do Fed de pleno emprego e inflação de 2 por cento, "muitos reconheceram que os recentes desdobramentos econômicos e financeiros globais podem ter aumentado os riscos à atividade econômica de certa forma", trouxe a ata.
A última decisão de política monetária do Fed aconteceu antes de uma série de dados econômicos levantarem temores sobre a economia norte-americana, o que alimenta mais dúvidas entre investidores de que o Fed vai elevar os juros este ano.
Os rendimentos da dívida do governo dos EUA recuaram após a publicação da ata e índices acionários norte-americanos ampliaram os ganhos.
Os preços de ativos sugerem que os investidores não veem quase nenhuma chance de uma alta dos juros na próxima reunião do Fed, em 27 e 28 de outubro, e apenas uma pequena chance de aumento no encontro de dezembro.