Por Ann Saphir
(Reuters) - Os formuladores de política monetária do Federal Reserve, que esperam ver um progresso renovado na inflação antes de reduzir os juros, receberam alguns dados animadores nesta quarta-feira, com um relatório do governo mostrando que a alta dos preços diminuiu um pouco em abril.
O aumento de 3,4% no índice de preços ao consumidor norte-americano em relação ao ano anterior e a alta de 0,3% frente a março mostram que o Fed ainda tem uma certa distância a percorrer antes de atingir sua meta de inflação de 2%.
Mas o relatório quebrou uma sequência de três meses de leituras mais fortes do que o esperado que tinha minado a confiança dos formuladores de política monetária do Fed em uma narrativa de pressões de preços cada vez menores. Um número crescente deles havia alertado nas últimas semanas que a taxa básica precisará permanecer elevada por mais tempo.
Segundo analistas, o relatório desta quarta-feira foi particularmente animador, pois houve um ligeiro abrandamento na inflação de moradia, algo que as autoridades esperavam há muito tempo, mas que demorou a aparecer nos dados. Os preços dos aluguéis aumentaram 0,35% em relação ao mês anterior, seu ritmo mais lento desde 2021, segundo o relatório.
O núcleo do índice, que exclui os preços da energia e dos alimentos e é visto como um melhor indicador das pressões subjacentes sobre os preços, subiu 3,6%, o menor ritmo em três anos.
O economista-chefe do JP Morgan, Michael Feroli, estimou que o núcleo do índice PCE, o indicador de inflação preferencial do Fed, aumentou 2,7% no mês passado em relação ao ano anterior, abaixo dos 2,8% registrados em março.
As leituras de inflação estão mais altas do que as metas do Fed, "mas pelo menos estão se movendo na direção certa novamente após o retrocesso observado nos meses anteriores", escreveu Feroli.
Após os dados, operadores firmaram suas apostas nos cortes dos juros do Fed em setembro e dezembro, com os preços dos contratos futuros de juros apontando para uma taxa básica de política no final do ano de 4,75% a 5%, abaixo da faixa atual de 5,25% a 5,5%.
Um início antecipado de reduções nos custos de empréstimos continua sendo uma hipótese remota, com base nos contratos futuros de juros, com os preços refletindo apenas um pouco mais do que 25% de chance de um corte em julho.