SÃO PAULO (Reuters) - Os distribuidores de veículos passaram a ver um resultado mais negativo para as vendas de carros e comerciais leves neste ano, mas a associação que representa o setor acredita na possibilidade de crescimento em 2017, com base em sinais de recuperação já mostrados pelo mercado.
A projeção de queda de 18 por cento nas vendas de carros e comerciais leves divulgada em agosto passou a declínio de 19,5 por cento, para 1,993 milhão de unidades. No acumulado de janeiro ao final de setembro, os licenciamentos do segmento acumulam queda de 22,5 por cento, para 1,458 milhão de veículos.
"A recuperação já está em andamento porque está diminuindo a intensidade da queda. Para o ano que vem, os números de vendas vão vir positivos", afirmou a analista Tereza Maria Fernandez Dias da Silva, da MB Associados, consultoria que assessora a associação de concessionários de veículos, Fenabrave, em suas projeções.
"O nível de emprego ainda não parou de cair, só vai começar a subir em algum momento do ano que vem. As categorias de trabalhadores estão negociando reajustes abaixo da inflação e a concessão de crédito acumula queda de 28 por cento este ano", acrescentou a analista, se referindo aos números de vendas ainda negativos.
A projeção para caminhões é de queda de 28,5 por cento nas vendas, para 51.330 veículos, enquanto para ônibus a expectativa é de baixa de 23 por cento, a 15.648 unidades. Anteriormente, a Fenabrave esperava baixa de 27,2 por cento nas vendas de caminhões e de 19 por cento na comercialização de ônibus neste ano.
Em setembro apenas, os licenciamentos de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus novos no país recuaram 13 por cento sobre agosto e 20 por cento sobre setembro de 2015, para 159.962 unidades, menor volume mensal desde fevereiro deste ano.
Segundo o presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Jr., a falta de peças em algumas montadoras, além do cenário de crise, contribuíram para a queda nas vendas no mês passado. Ele citou ainda a restrição do crédito aos consumidores. "De cada 10 pedidos de financiamento para venda de novos, apenas 3 fichas são aprovadas pelos bancos", afirmou ele em entrevista a jornalistas.
Assumpção Jr. afirmou que, de janeiro do ano passado ao final do primeiro trimestre deste ano, 1.257 concessionárias de veículos fecharam as portas no país, o que gerou 124 mil demissões no setor que tem um total de 7 mil lojas e 380 mil funcionários.
Na área de veículos usados, houve queda de cerca de 10 por cento nas vendas de setembro sobre agosto e de 2 por cento na comparação com um ano antes, a 883,4 mil unidades. No acumulado do ano, as vendas de usados mostram baixa de 2 por cento, a 7,599 milhões de veículos, segundo os dados da Fenabrave.
(Por Alberto Alerigi)