Paris, 3 dez (EFE).- A atividade econômica na França está sendo impactada negativamente como consequência dos protestos do movimento dos "coletes amarelos" há mais de duas semanas, com quedas principalmente nos serviços e na indústria, um impacto que o governo classificou como "severo" nesta segunda-feira.
Em declaração à imprensa após se reunir com as principais organizações profissionais, o ministro de Economia e Finanças, Bruno Le Maire, disse que foram constatadas quedas de "15% a 25%, segundo os setores".
A queda para os grandes grupos de distribuição vai de 15 a 25%; para o pequeno comércio, de 20 a 40%; para os mercados atacadistas, de 15%, e para os restaurantes, "pelo menos de 20 a 50%", dependendo dos lugares. Também foi constatada uma redução de 15% a 20% nas reservas de hotéis, explicou Le Maire.
No caso do setor automotivo, o ministro francês informou que Renault e Peugeot, as duas principais fabricantes na França, foram prejudicadas e que há "baixas mais maiores" na indústria agroalimentar.
A Associação Nacional de Indústrias da Alimentação (ANIA) da França alertou em comunicado que, dado que as festas de fim de ano representam 20% da receita do setor, as perdas podem chegar a 13,5 bilhões de euros.
A patronal do transporte indicou em comunicado que os protestos nas estradas já provocaram "mais de 400 milhões de euros" de prejuízo por causa dos caminhões bloqueados em engarrafamentos.
Para lidar com a situação, o governo autorizou desde 27 de novembro que as empresas afetadas recorram à greve parcial. Além disso, o ministro da Economia afirmou que o governo "examinará com toda a compreensão necessária" os processos das empresas para escalonar pagamentos de impostos e para a devolução de penalizações.
Além de fazer um primeiro balanço econômico, Le Maire aproveitou para analisar as raízes deste conflito, que, segundo ele, é consequência de "fraturas que se têm agravando há anos e que ameaçam a união nacional".
De acordo com o ministro, na origem disso estão as políticas econômicas que durante as três últimas décadas não permitiram criar empregos suficientes, por causa do aumento do gasto público que significou mais dívidas e impostos.
O movimento dos "coletes amarelos" surgiu de forma espontânea, sem filiação a nenhum grupo político, e foi organizado em redes sociais para protestar contra uma nova alta dos impostos nos combustíveis a partir de janeiro.
Posteriormente, as exigências se estenderam desde a alta do salário mínimo até a renúncia do presidente francês, Emmanuel Macron.