Por Howard Schneider
WASHINGTON/SÃO FRANCISCO (Reuters) - Autoridades do Federal Reserve devem atingir um marco importante nesta semana com um aumento da taxa de juros que efetivamente encerra o apoio à economia dos Estados Unidos devido à pandemia e começa a testar se o crescimento pode continuar sem a ajuda ativa do banco central.
O Fed deve elevar sua taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual, para uma faixa de 2,25% a 2,50% ao final de dois dias de sua reunião de política monetária na quarta-feira. Isso igualaria a máxima antes da pandemia da Covid-19 e elevaria os juros para o que as autoridades veem como nível "neutro", que não fornece mais suporte no longo prazo.
Com essa referência em vista, o debate muda para questões que determinarão se a economia pode evitar uma recessão nos próximos meses: por quanto tempo a inflação precisará cair antes que as autoridades do Fed concluam que ela está sob controle? Quanto que as taxas precisarão subir para que isso aconteça? E quanto custará em termos de crescimento econômico mais lento e aumento do desemprego?
Autoridades do Fed se uniram por trás de aumentos agressivos de juros enquanto observavam a inflação acelerar este ano. Mas há poucos precedentes para o momento que eles enfrentam agora e pouca clareza sobre como a política monetária será definida quando a inflação começar a diminuir e quando eles começarem a interpretar as perspectivas de maneira diferente.
CONFIRA: Monitor da taxa de juros do Federal Reserve
"Enquanto a inflação estiver tão alta quanto está agora, e não houver nenhum sinal de redução, você terá uma frente unida", disse Luke Tilley, economista-chefe do Wilmington Trust. A medida de inflação preferida do Fed está em uma máxima de quatro décadas de mais de 6%, aproximadamente o triplo da meta formal de 2%.
Mas mesmo com as autoridades prometendo uma batalha total contra os aumentos desestabilizadores de preços, pode levar apenas dois meses de desaceleração da inflação para que "os 'hawks' e os 'doves'...se tornem conhecidos rapidamente", com uma discussão renovada sobre o quanto de risco é razoável assumir com a economia para reduzir a inflação, disse ele.
"Hawks" e "doves" são nomes dados para aqueles mais preocupados com os riscos da inflação e aqueles que priorizam o outro objetivo do Fed, de pleno emprego, respectivamente.
Isso se tornou uma distinção difícil de fazer quando todas as autoridades dizem que estão preparadas para aumentar os juros o quanto for necessário para esfriar a inflação.
Até agora, não houve nenhuma decisão real a ser tomada, exceto o tamanho do aumento dos juros a ser aprovado em cada reunião de política monetária.
Em uma entrevista coletiva na quarta-feira, o chair do Fed, Jerome Powell, pode começar a moldar as expectativas para a próxima reunião em setembro, mas relutar em falar sobre muito além disso.
A taxa de desemprego nos EUA, por sua vez, permanece em uma mínima de 3,6% desde março, com mais de 350 mil vagas sendo criadas por mês.
Os aumentos dos juros destinam-se a aliviar a inflação, desacelerando a economia em geral. Isso também pode levar ao aumento do desemprego e até mesmo a uma recessão total.