Nova York, 26 jun (EFE).- Os advogados dos credores que não aceitaram a troca da dívida argentina nas renegociações de 2005 e 2010 pediram nesta quinta-feira ao juiz federal dos Estados Unidos que analisa o caso, Thomas Griesa, que convoque uma audiência urgente para avaliar se o pagamento aos credores anunciado hoje em Buenos Aires representa um desacato à ordem do tribunal.
Em carta remetida ao juiz Griesa pelos advogados dos "holdouts", à qual a Agência Efe teve acesso, os fundos de investimento especulativos, também conhecidos como "fundos abutre", descrevem o pagamento de US$ 832 milhões anunciado pelo governo argentino como um "descarado passo rumo à violação da ordem" emitida pelo tribunal há algumas semanas.
Os credores também entraram em contato com o banco New York Mellon (por onde o pagamento é feito) "para lembrá-lo de suas obrigações" de acordo com as leis americanas, como mostrou o documento assinado pelo advogado Robert Cohen, que afirmou que o Estado argentino "deverá provar porque não está incorrendo em desacato".
A carta diz que as declarações do ministro da Economia da Argentina, Axel Kiciloff, relativas ao pagamento dos credores que aceitaram as reestruturações de 2005 e 2010 mostram que o país "não aceita as condições do tribunal ou não está de acordo com a interpretação da cláusula de pagamento simultâneo".
Segundo esta cláusula, as autoridades americanas poderiam embargar os pagamentos argentinos aos credores reestruturados se não fossem pagos também, e integralmente, os "fundos abutre", um valor que no primeiro caso é de US$ 1,5 bilhão e que Griesa tinha fixado a data de 30 de junho como vencimento.
O juiz federal americano, que decidiu a favor dos fundos especulativos que reivindicavam o pagamento integral da dívida, negou nesta quinta-feira a solicitação argentina de suspender essa medida para poder honrar o compromisso com os credores reestruturados.
Junto com a carta, os advogados dos "fundos abutre" juntaram a tradução jurada do discurso de Kicillof, e o comunicado emitido pelo governo de Cristina Kirchner sobre a transferência de recursos para esse pagamento.