Investing.com – O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga nesta terça-feira, 11, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do mês de março. A perspectiva consensual de uma alta de 0,78%, levando o indicador de 5,60% para 4,70%. A última vez que o a inflação anual esteve abaixo de 5% foi na divulgação de janeiro de 2021, quando atingiu 4,56%.
Ainda que a inflação apresente desaceleração em relação ao IPCA de fevereiro, que registrou alta de 0,84%, a expectativa dos economistas consultados pelo Banco Central no Boletim Focus é de que a inflação oficial do país termine 2023 em 5,98%, enquanto o centro da meta do ano é de 3,25%, com limite de 1,5 ponto percentual, para mais ou para menos.
O economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, estima uma alta de 0,75%. Gonçalves concorda com a visão de que a inflação deva finalizar este ano acima de 5%, no entanto. Segundo o economista, a queda no indicador anual é reflexo da base de comparação elevada no primeiro semestre do ano passado, quando houve uma guinada nos preços. Para os próximos meses, a dúvida é se gasolina e energia elétrica vão continuar pressionando. “São dois administrados que voltaram a incomodar neste mês de março. Parece que não alivia. Uma melhora pode ocorrer em alimentos e bebidas, por conta dos preços dos processados, industrializados”.
Os destaques dessa divulgação devem ser combustíveis, diante da reoneração parcial de impostos federais, e a composição dos núcleos de inflação, como pressão em serviços, de acordo com Amabile Ferrazoli, economista da Tenax Capital, que enxerga alta mensal de 0,76%. “A inflação de serviços é a mais resiliente. Observar em que patamar a inflação dessa parte do índice consegue se estabilizar é importante para entendermos o quanto a política monetária ainda terá de trabalho”. A Tenax projeta IPCA neste ano em 6,30%, com inflação voltando a acelerar em junho, mesmo com desinflação de bens industriais pela reorganização de cadeias produtivas e impactos das oscilações do dólar.
Andrea Ângelo, estrategista de inflação da Warren Rena, detalha que a expectativa para o IPCA de março é de 0,77%, com tendência de desaceleração em educação, itens de comunicação e manutenção da deflação em passagens aéreas. “Na contramão, o item gasolina deverá registrar alta acima de 8%, efeito da reoneração parcial dos tributos federais e também do fim da deflação sazonal do vestuário”.
Marcelo Boragini, sócio da Davos Investimentos, concorda com a expectativa de 0,77%, com dissipação dos reajustes de matrículas escolares, parcialmente compensadas pelos combustíveis. “Em fevereiro, a educação puxou as altas com os reajustes das matrículas”, lembra.
Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, espera 0,72%, e reforça que o IPCA-15, prévia do indicador oficial, indicou para uma possível desaceleração nos núcleos. Uma melhora nos serviços seria uma sinalização positiva, segundo Cruz. “Importante que não haja dispersão muito grande, que essa ponta resistente de serviços comece a cair de forma mais significativa”, completa.