IPCA de junho deve consolidar reversão de choques dos alimentos e do dólar

Publicado 08.07.2025, 21:19
Atualizado 09.07.2025, 07:00
© Reuters.

Investing.com - A inflação ao consumidor em junho deve ter mantido a trajetória de desaceleração. A expectativa do mercado é de uma alta mensal de 0,2%, ante avanço de 0,26% em maio, enquanto a projeção para a base anual do IPCA aponta manutenção da taxa em 5,32%. O IPCA de junho será divulgado pelo IBGE na próxima quinta-feira (10), às 9h.

Se as estimativas médias do mercado estiverem corretas, será a quarta desaceleração consecutiva na base mensal. “O IPCA de junho deve consolidar a reversão de choques nos preços de alimentos e da taxa de câmbio”, afirma Luciano Costa, economista-chefe da Monte Bravo Investimentos, que prevê uma desaceleração ligeiramente menor, com avanço de 0,23% ante o mês anterior.

“[A desaceleração] não altera o quadro de inflação, que ainda segue adverso”, alertam os economistas do Departamento de Pesquisa Econômica do Banco Daycoval, que também projetam uma alta de 0,23% na base mensal.

O calcanhar de Aquiles é o grupo de serviços, especialmente os subjacentes, que deve manter o Comitê de Política Monetária (Copom) em tom inflexível quanto à manutenção da taxa Selic em 15% por um “período bastante prolongado”. “Os serviços subjacentes devem seguir em patamar elevado, em especial os itens intensivos em trabalho, com os dados recentes ainda indicando resiliência do mercado de trabalho”, observam os economistas do Banco Daycoval.

“No setor de serviços, o núcleo deve registrar alta de 0,43% no mês, repetindo a variação de maio, permanecendo elevado em termos anuais, com avanço estimado em 6,8%, sinalizando resiliência inflacionária nesse segmento”, projeta Costa, da Monte Bravo, que espera pressão menor de itens como alimentação fora do domicílio e serviços de lazer neste grupo. “As medidas subjacentes indicam que o processo desinflacionário exige cautela por parte do Banco Central”, completa.

O que movimentou o IPCA em junho

Os fatores que contribuíram positivamente para o IPCA de junho devem ter sido:

  • Tarifas de energia elétrica, com o acionamento da bandeira vermelha;

  • Pressão altista em carne vermelha e no grupo mobiliário.

Já os fatores de alívio foram:

  • Redução do preço da gasolina nas refinarias pela Petrobras (BVMF:PETR4);

  • Queda sazonal dos preços dos alimentos, especialmente itens in natura como frutas e hortaliças, além de arroz, feijão e ovos;

  • Deflação em eletrodomésticos, diante da reversão parcial dos repasses da depreciação cambial ocorrida no início do ano.

Mesmo com a queda nos preços dos alimentos, há riscos futuros nesse segmento. “A inflação segue sensível a choques de oferta, especialmente em alimentos, enquanto a atividade aquecida limita os efeitos da política monetária. Mesmo com alguma descompressão cambial e queda nas commodities, ainda há fatores de pressão relevantes no curto prazo”, afirma Tânia Gofredo, economista-chefe da GEP Brasil.

Projeções do IPCA para 2025

As projeções para o IPCA de 2025 seguem acima da margem superior de tolerância de 1,5 ponto percentual (4,5%) em relação ao centro da meta de 3%. Enquanto a GEP Brasil estima uma alta de 4,9%, a Monte Bravo Investimentos revisou recentemente sua projeção de 5,7% para 5,5%.

Já o Banco Daycoval projeta um IPCA de 5,1% ao fim do ano. Na última edição do Boletim Focus, divulgada na segunda-feira (7), a mediana das estimativas dos economistas consultados pelo Banco Central para o IPCA de 2025 foi de 5,18%.

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