Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial, desacelerou ligeiramente a alta em outubro, com nova deflação dos alimentos compensando em parte o salto pontual nas passagens aéreas, informou nesta quinta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O IPCA-15 avançou 0,21% neste mês, arrefecendo ante o avanço de 0,35% visto em setembro, e ficando praticamente em linha com a expectativa em pesquisa da Reuters de alta de 0,20%.
De acordo com o IBGE, o resultado deste mês foi bastante influenciado pela alta nos preços das passagens aéreas, que dispararam 23,75% e tiveram o maior impacto individual no índice geral, de 0,16 ponto percentual.
O grupo Transportes, que engloba o item passagem aérea, avançou 0,78% em outubro, depois de já ter saltado 2,02% em setembro.
Os preços dos combustíveis, no entanto, que haviam pressionado o IPCA-15 para cima no mês anterior, passaram a cair 0,44% em outubro. Houve quedas nos preços da gasolina (-0,56%), do etanol (-0,27%) e do gás veicular (-0,27%), enquanto o óleo diesel subiu (+1,55%).
Economistas do Santander (BVMF:SANB11) disseram em nota que a leitura foi favorável em termos qualitativos, uma vez que a alta foi puxada principalmente por itens voláteis, enquanto componentes do núcleo da inflação registraram surpresas deflacionárias.
O grupo Alimentação e bebidas, por exemplo, cedeu 0,31% e teve impacto de -0,07 ponto percentual no índice geral, marcando o quinto mês consecutivo de baixa.
O subgrupo alimentação no domicílio caiu 0,52%, com forte recuo do leite longa vida (-6,44%), bem como do feijão-carioca (-5,31%), do ovo de galinha (-5,04%) e das carnes (-0,44%).
"A gente continua vendo o grupo de alimentação indo super bem, depois de outra deflação forte em setembro, então é um grupo que continua ajudando muito a trajetória de queda da inflação", disse Carlos Lopes, economista do BV.
Ele alerta, no entanto, que a queda segue sendo "bastante gradual" e prevê que o IPCA encerrará o ano com alta pouco acima do teto da meta de inflação de 2023, cujo centro é 3,25%, com margem de tolerância de 1,50 ponto percentual para mais ou para menos.
O IPCA-15 passou a acumular nos 12 meses até outubro avanço de 5,05%, contra 5,00% no mês anterior e projeção de analistas de 5,04%.
Essa ainda é a leitura mais alta desde março (+5,36%).
O Banco Central já cortou sua taxa de juros em 1 ponto percentual no acumulado das duas últimas reuniões de seu Comitê de Política Monetária (Copom), a 12,75%, e indicou que pretende reduzir as expectativas para a inflação por meio de uma atuação firme. Apesar do atual ciclo de afrouxamento monetário, a Selic deve continuar em patamar restritivo à economia por um bom tempo.
O BC já avaliou ser pouco provável intensificar os cortes na Selic à frente, com a maior parte dos mercados apostando em mais um corte de 0,50 ponto percentual nos juros na reunião do Copom na semana que vem, nos dias 31 de outubro e 1° de novembro.
Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, disse que, na esteira do IPCA-15 "bom" de outubro, o mercado pode "brincar" com apostas de um corte de 0,75 ponto da Selic em dezembro deste ano ou fevereiro de 2024, mas, pessoalmente, segue na opinião de que "não é uma opção".