Por Jessica Bahia Melo e Felipe Machado
Investing.com - O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed) decidiu manter nesta quarta-feira, 20, a taxa básica de juros dos Estados Unidos, ao fim da reunião de dois dias de política monetária. Assim, o colegiado definiu que as fed funds ficam estáveis em uma faixa de 5,25% a 5,50%. A votação foi unânime.
Além disso, o Comitê anunciou que vai seguir com a redução nas suas participações em títulos do Tesouro e dívida de agências e títulos garantidos por hipotecas de agências.
Segundo o comunicado do Fomc, o comitê “estaria preparado para ajustar a orientação da política monetária conforme apropriado”, caso surjam riscos para a meta do Fed de retornar a inflação ao patamar de 2%.
O Fomc aponta que os últimos indicadores levam a crer que a atividade econômica vem se expandindo em ritmo sólido. “Os ganhos de emprego abrandaram nos últimos meses, mas permanecem fortes, e a taxa de desemprego permaneceu baixa. A inflação continua elevada. O sistema bancário dos EUA é sólido e resiliente”. No entanto, pondera que “condições de crédito mais restritivas para famílias e empresas poderão pesar sobre a atividade econômica, as contratações e a inflação. A extensão destes efeitos permanece incerta”, lembra o Comitê, que afirma estar atento aos riscos inflacionários.
Entre março de 2022 e maio de 2023, para conter as pressões inflacionárias, a autoridade monetária americana subiu as fed funds em dez reuniões consecutivas, sendo as elevações de 25 pontos-base a 75 pontos-base. Em junho, o Fed fez uma pausa, mas voltou a subir os juros no final de julho.
A decisão foi em linha com 98% dos investidores que estimavam a manutenção dos juros, de acordo com a ferramenta Monitor da Taxa de Juros do Federal Reserve do Investing.com.
Projeções econômicas
Os membros do colegiado ainda sinalizaram em novas projeções econômicas suas expectativas sobre eventuais novas altas dos juros.
Os membros do Fed estimam em média agora uma taxa terminal de juros mais alta para o fim de 2024, o que sinaliza que a reversão do aperto monetário deve ser mais gradual que previsto anteriormente. Nas projeções de julho, a maioria das apostas (6) era que os juros encerrariam o próximo ano na faixa entre 4,25% e 4,5%, e as estimativas iam de 3,5% a 3,75% (1) a 5,75% e 6% (1).
Agora, há empate nas apostas para as faixas entre 4,75% e 5% (4), 5% e 5,25% (4) e 5,25% e 5,5% (4). A menor estimativa é de 4,25% e 4,5% (2) e entre 6% e 6,25% (1).
Para 2023, todas as previsões agora convergem para a faixa entre 5,25% e 5,5% (7) e entre 5,5% e 5,75% (12). Anteriormente, as avaliações se distribuíam entre os níveis de 5,25% a 5,5% e 6,25% a 6,5%.
Sobre os indicadores econômicos, a mediana das perspectivas é de um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mais robusto em 2023 (2,1% ante 1% em junho) e em 2024 (1,5% ante 1,1% anteriormente). A mediana da taxa de desemprego esperada também recuou para este ano (para 3,8%. ante 4,1%) e o próximo (para 4,1% ante 4,5%).
Para a inflação ao consumidor, houve mudanças sutis nas previsões. A mediana do PCE em 2023 foi a 3,3% (antes, 3,2%) e permanece em 2,5% para 2024. No núcleo, expectativa é de 3,7% neste ano (ante 3,9% em junho) e manutenção de 2,6% para o ano seguinte.