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Juros nos EUA: Fed não precisa correr para fazer um ajuste mais forte, diz Avenue

Publicado 11.09.2024, 20:30
Atualizado 12.09.2024, 07:26
© Reuters.

Investing.com – Com a expectativa de mercado de que o Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos Estados Unidos) inicie o ciclo de cortes nas taxas de juros em setembro, a percepção de William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, é de que a autoridade monetária americana não precisa “correr para fazer um ajuste mais forte”.

Em entrevista ao Investing.com Brasil, Alves destacou que, ainda que alguns setores demonstrem desaceleração, a economia americana segue em crescimento. “Não vemos necessidade de o Banco Central americano agir mais rapidamente com cortes de juros mais agressivos”, aponta o estrategista.

Alves considera que o mercado exagerou um pouco em suas projeções de cortes de juros e a tendência é de que ajustes sejam feitos na precificação. “Mas o que vai determinar esses ajustes ou não é a velocidade da própria economia americana”.

Confira a entrevista:

Investing.com – Qual a perspectiva da Avenue para cortes dos juros? Qual patamar espera até o final do ano e por quais motivos?

William Castro Alves – A gente não tem uma estimativa nossa, a gente não faz estimativa de cortes, mas a nossa percepção é que existe espaço para três cortes esse ano, com o Banco Central começando em ponto 25.

Essa é a opinião mainstream, digamos assim, grande parte do mercado aposta nisso. Entendemos que, obviamente, existem alguns setores da economia americana que mostram alguma desaceleração, mas ela continua crescendo e não há necessidade de o Banco Central correr para fazer um ajuste mais forte na sua política monetária.

Então, essencialmente por isso, no balanço entre riscos que existe hoje na economia, não vemos necessidade de o Banco Central americano agir mais rapidamente com cortes de juros mais agressivos. Então, três cortes até o final do ano, começando agora em setembro, depois de novembro e dezembro.

Inv.com – Como avalia as falas que indicam aumento do risco de recessão no mercado americano?

Alves – Sobre a questão da recessão, o que estamos vendo é o mercado de trabalho desacelerando, criando menos postos de trabalho.

Onde há um ambiente mais preocupante é na indústria, várias pesquisas dos Feds regionais mostraram que a indústria vem desacelerando, reduzindo postos de trabalho, demitindo, ou ainda contratando muito pouco. E isso obviamente preocupa.

Agora, o contraponto é que a indústria hoje não é o setor mais importante da economia americana. Na verdade, o setor de serviços é muito mais relevante e esse é um setor que continua bem, crescendo e contratando gente. Então, se há uma desaceleração, basicamente o que isso quer dizer é que, ao invés, talvez, de economia americana crescer 3%, 2,5%, ela vai crescer menos, olhando ali na frente.

A projeção de crescimento do terceiro trimestre, que acaba em setembro agora, ao olhar aquela ferramenta do FED de Atlanta, o GDP Now, que mede todos os dados que foram saindo na economia e projeta PIB, ela está projetando um PIB de 2,5% para o terceiro trimestre.

Então, essa desaceleração na economia, saindo de um crescimento de 3% ou 2,5%, como eu falei agora, para ir para 1% ou até menos do que isso, entendo que é muito mais olhando para frente.

Inv.com – Quais as perspectivas para o dólar neste cenário?

Alves – O dólar tende a se enfraquecer com juros mais baixos. A gente já viu as curvas de juros precificando esses cortes atuais. A grande discussão agora recai sobre qual é a taxa terminal de juros. O mercado já aponta que o juro no final de 2025, ou antes disso, vai estar em 3%.

É bastante corte. São 2,25 pontos percentuais de corte. É bastante coisa. Então, vamos ver. Acho que tem muita água para rolar. O mercado exagerou um pouco nessa perspectiva de cortes e tende a ajustar isso. Mas o que vai determinar esses ajustes ou não é a velocidade da própria economia americana.

A grande discussão agora vai ser olhar para os dados de atividade para medir até que ponto ou até onde a economia americana pode desacelerar.

Inv.com – Neste cenário, quais ativos merecem destaque? Big techs estão com valuation considerado atrativo ou sobrevalorizadas?

Alves – Olhando para os ativos, o que a gente tem visto é um rotation no mercado americano, ou seja, basicamente setores que são mais beta-sensitivos à taxa de juros têm performado bem. No mês de agora, uns dois, três meses, já tem acontecido. Dois meses, eu diria. Então, vemos as ações de Big Tech não performando tão bem.

Ações como setor de utility, setor de real estate, estão performando muito bem. Dito isso, esses são os setores que tradicionalmente performam melhor mesmo num cenário de desaceleração, chamado late cycle, e de corte de juros para baixo. Mas vale lembrar que tech também tem a sua ciclicalidade e também é um setor mais sensível a crescimento econômico.

Entendo que houve correções bem significativas, expressivas, no segmento. E algumas ações de tecnologia já começam a ficar interessantes quando olhamos os múltiplos estimados, o crescimento de lucros estimados.

Acho que é um momento normal de turbulência, setembro e outubro, tem eleição ainda no meio, nada de muito diferente daquilo que a gente já viu no passado. E nesse cenário, sempre ressalto, o mercado americano é muito amplo, sempre tem alternativa.

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