Juros: pesquisa Focus e risco fiscal puxam taxas para cima, apesar de dólar em queda

Publicado 16.09.2024, 15:04
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Os juros futuros fecharam a segunda-feira, 16, com taxas curtas perto da estabilidade e as demais, em alta. Nem a queda do dólar nem a dos rendimentos dos Treasuries foi capaz de impor alívio à curva. Em sessão de volume contido, o destaque foi a pesquisa Focus, que mostrou elevação nas medianas de PIB e IPCA, reforçando a convicção do mercado sobre o ciclo de aperto da Selic. Ainda, a autorização para o governo usar crédito extraordinário fora da meta fiscal no combate a incêndios trouxe desconforto.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 fechou a 10,950%, de 10,963% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2026, a 11,83% (11,81% no último ajuste). O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 11,85% (11,80% no ajuste anterior) e a do DI para janeiro de 2029 subiu de 11,90% para 11,97%.

O mercado esteve pouco inclinado à montagem de posições antes das decisões de política monetária na quarta-feira, mesmo que a aposta de um corte mais agressivo, de 50 pontos-base, para os juros nos EUA hoje tenha crescido para próximo de 60%. Esse avanço ajudou a trazer o dólar para mais perto de R$ 5,50 - até abaixo, nas mínimas do dia -, mas não conseguiu contagiar a curva de juros.

A economista-chefe da CM Capital, Carla Argenta, disse que o mercado se concentrou nas reações ao Boletim Focus, em especial pelo forte ajuste para cima da mediana para o PIB em 2024, de 2,68% para 2,96%. "Um aumento de quase 30 pontos é muito significativo e não houve 'desconto' na mediana do ano seguinte. Além disso, houve um certo degringolamento nas medianas para o IPCA", disse. A mediana para o PIB de 2025 permaneceu em 1,90%. As expectativas de IPCA para 2024 (4,30% para 4,35%), 2025 (3,92% para 3,95%) e 2026 (3,60% para 3,61%) pioraram todas.

Na medida em que o hiato do produto vem se fechando rapidamente, a percepção sobre o nível de atividade, num crescimento que tende a ser puxado pelo consumo, deve exigir uma atuação mais firme do Banco Central, afirma a economista, para quem o Copom vai aplicar um aumento de 50 pontos-base na Selic nesta quarta. "Também pela necessidade de reconstrução da credibilidade na iminência da troca de comando do BC e para uma maior reancoragem da expectativas", justificou.

Porém, tanto nos DIs, quanto nas opções digitais da B3 (BVMF:B3SA3) e entre os economistas as apostas convergem para uma alta mais branda, de 25 pontos, nesta abertura do ciclo, previsão também do economista André Perfeito. Ele, no entanto, não vê necessidade de aperto dado que a provável queda dos juros nos EUA eleva a taxa brasileira em termos relativos. Mas reconhece que a alta pode funcionar como "um freio de arrumação" na economia. "O problema é que esse freio depende menos da decisão da taxa em si, mas antes do comunicado sobre o que o Copom pretende fazer. Um placar rachado nessa reunião teria efeito desastroso no conjunto das expectativas", diz.

Mesmo com as apostas firmes de alta da Selic em contraponto às de queda de juros nos EUA, a curva a termo ganhou inclinação em função da percepção de agravamento dos riscos fiscais, com a informação de que o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino, autorizou uso de créditos extraordinários para financiar políticas emergenciais destinadas a controlar incêndios florestais.

"A decisão do STF se somou a outros pontos de desconforto anteriores por parte do mercado, como iniciativas para contornar o arcabouço fiscal e o uso recorrente de medidas não-recorrentes para gerar receita para o governo", explicou o estrategista-chefe da Warren Investimentos, Sérgio Goldesntein, que não descarta que alguns players também tenham reduzindo antes do Copom operações de flattening da curva.

Para os economistas do Citi, embora haja um caráter emergencial que possa justificar a autorização, o que mais preocupa é que a gravidade dos incêndios está aumentando como uma tendência de longo prazo, sugerindo que essas medidas de gastos extras direcionados podem se repetir no futuro. "Por sua vez, isso prejudicaria ainda mais a credibilidade do atual arcabouço fiscal, reforçando a necessidade de reformas de consolidação de gastos que diminuiriam a parcela de gastos obrigatórios", dizem.

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