Por Ann Saphir e Jonnelle Marte
(Reuters) - O presidente do Federal Reserve de Minneapolis, Neel Kashkari, disse nesta terça-feira esperar que o banco central dos Estados Unidos precise aumentar os juros duas vezes neste ano para lidar com a inflação persistentemente alta, uma reversão de sua visão de longa data de que os custos dos empréstimos precisariam ficar próximos de zero até pelo menos 2024.
O salto da inflação observado nos últimos seis meses surpreendeu autoridades do Fed, que agora estão tentando determinar por quanto tempo essas pressões podem durar, disse Kashkari.
"Antecipei dois aumentos na taxa de juros para 2022 porque a inflação tem sido mais alta e mais persistente do que eu esperava", afirmou Kashakari em postagem no Medium.
No mês passado, o Fed acelerou a redução de seu programa de compra de títulos e sinalizou três aumentos de juros para 2022. Kashkari disse nesta terça-feira que apoiou o corte mais rápido dos estímulos como "uma decisão prudente que fornece flexibilidade no futuro para aumentar os juros mais cedo, se necessário".
A mudança abrupta a favor de elevações nos custos dos empréstimos por parte de um dos formuladores de política monetária mais "dovish" (mais tolerante com a inflação) do Fed ressalta o nível de preocupação do banco central com a ameaça dos avanços de preços, cuja taxa já ultrapassa o dobro da meta de 2% do Fed.
Kashkari disse esperar que as pressões do lado da demanda que contribuíram para o aumento da inflação enfraqueçam à medida que a ajuda fiscal fornecida para apoiar a economia durante a pandemia diminui.
No entanto, ele afirmou que está menos claro quanto tempo levará para a economia resolver os desafios do lado da oferta que levam a preços mais altos, com algumas empresas dizendo que esses gargalos podem continuar no próximo ano.