Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - A bolsa paulista mostrava alguma fraqueza no final da manhã desta quarta-feira, com o Ibovespa mais uma vez pressionado por bancos e Petrobras, enquanto os últimos desdobramentos da crise entre Estados Unidos e Irã amenizavam receios de escalada nas tensões.
Às 11:51, o Ibovespa caía 0,44%, a 116.154,33 pontos. Mais cedo, o Ibovespa chegou a subir 0,58%, recuperando o patamar dos 117 mil pontos. O volume financeiro no pregão somava 6,8 bilhões de reais.
A equipe da Guide Investimentos destacou que declarações de autoridades dos Estados Unidos e do Irã acalmaram investidores após os ataques iranianos a bases militares que abrigam forças norte-americanas no Iraque. A ação de Teerã foi uma resposta ao ataque norte-americano que matou o general iraniano Qassem Soleimani.
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, disse que o país adotou medidas proporcionais de legítima defesa e que os ataques concluíram a reação ao assassinato de Soleimani, mas que sua nação não quer agravar o confronto.
O presidente dos EUA, Donald Trump, que ordenou o ataque de drone que matou Soleimani em Bagdá na sexta-feira, deu uma resposta inicial no Twitter: "Está tudo bem!". Ele fará uma declaração ainda nesta quarta-feira.
Em Wall Street, o Dow Jones tinha oscilação positiva de 0,04% e o S&P 500 subia 0,2% nos primeiros negócios.
Também no radar estavam dados sobre a criação de empregos no setor privados dos EUA, que acelerou em dezembro, em movimento possivelmente beneficiado por efeito sazonal.
Apesar do Ibovespa estar engatando a quarta queda consecutiva, agentes de mercado têm citado que a volatilidade recente tem sido uma oportunidade de realização de ganhos, que eles veem como sadia e que abre pontos de compra das ações.
Entre analistas e gestores, de modo geral, continua a percepção de que o mercado acionário brasileiro permanece com bons fundamentos, em meio a perspectivas de recuperação da economia brasileira, mas taxas de juros ainda baixas.
DESTAQUES
- BRADESCO PN (SA:BBDC4) recuava 1,5%, com o setor dando continuidade ao viés negativo apurado neste começo do ano, com ITAÚ UNIBANCO PN perdendo 0,9%. Em relatório, o BofA Securities também chamou a atenção para o risco adicional aos maiores bancos oriundo das cooperativas de crédito.
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) e PETROBRAS ON (SA:PETR3) cediam 0,16% e 0,6%, respectivamente, conforme o petróleo recuava no exterior sem maiores desdobramentos do ataque do Irã contra forças norte-americanas no Iraque, que fez as cotações da commodity dispararem. O Brent chegou a 71,75 dólares o barril.
- QUALICORP ON (SA:QUAL3) caía 3%, entre as maiores quedas do Ibovespa. O papel figurou entre as maiores valorizações do índice em 2019, encerrando o ano com ganho acumulado de 243%.
- VALE ON (SA:VALE3) perdia 0,5%, reforçando a trajetória negativa no pregão, apesar de os futuros do minério de ferro na China subirem ao maior nível em mais de cinco meses nesta quarta-feira, ajudados por expectativas sobre a demanda de siderúrgicas.
- JBS ON (SA:JBSS3) valorizava-se 2,4%. Relatório do Bradesco BBI elevou recomendação dos papéis para 'outperform', definindo preço-alvo em 37 reais, citando preço atrativo e desdobramentos positivos nas discussões comerciais entre EUA e China ainda não precificados.
- GOL (SA:GOLL4) PN avançava 2,3%, também entre os destaques positivos, após divulgar dados de tráfego de passageiros em dezembro, além de prévia para o resultado do quarto trimestre, mostrando crescimento de receitas e queda de custos.