SÃO PAULO (Reuters) - O mercado brasileiro de cartões deve desacelerar pelo nono ano consecutivo em 2016, refletindo o aumento do desemprego e a inflação alta num país em recessão, que têm abreviado o ciclo histórico de crescente uso dos meios eletrônicos de pagamentos.
A Abecs, entidade que representa as empresas do setor, previu nesta quarta-feira que o volume financeiro das compras pagas com cartões de crédito e de débito deve somar 1,15 trilhão de reais no ano que vem, alta de 6,5 por cento sobre este ano.
A previsão para 2015, foi mais uma vez reduzida, para alta de 8,8 por cento. A estimativa inicial para este ano, de crescimento de 15 por cento, foi gradualmente sendo diminuída.
"Há em curso um processo de alta do desemprego e de perda do valor de compra das famílias", disse a jornalistas o presidente da Abecs, Marcelo Noronha.
Desde 2003, apoiado no maior crescimento do país e aumento da renda das famílias e num movimento histórico de substituição de dinheiro e cheque por cartões, o segmento vinha crescendo a um ritmo superior a 20 por cento ao ano. A série histórica da Abecs começou em 2008.
Nos últimos anos, o movimento perdeu força, até chegar a uma expansão negativa, considerando que a projeção do mercado é que a inflação supere 10 por cento em 2015.
A participação dos cartões no pagamento total das compras privadas também desacelerou, mas evoluiu de 27 para 28,2 por cento no espaço de 12 meses encerrados em setembro.
Além da perda de ritmo, o setor também deve enfrentar piora dos índices de inadimplência. O índice de atrasos atingiu 8,2 por cento em outubro de 2012.
"Esse índice deve acompanhar os números de desemprego em 2016 a perda do poder de compra das pessoas", disse Noronha.
(Por Aluísio Alves)