Por Rupam Jain e Lucy Marks
(Reuters) - Mulheres e meninas afegãs que conquistaram liberdades com que não podiam sonhar durante o governo do Taliban encerrado 20 anos atrás estão desesperadas para não perdê-las agora que o movimento militante islâmico voltou ao poder.
Líderes do Taliban deram garantias, antes e depois de sua conquista assombrosa do Afeganistão, de que meninas e mulheres terão direito de trabalhar e estudar, embora com ressalvas.
Algumas mulheres já foram dispensadas de seus empregos durante o caos dos avanços do Taliban através do país nos últimos dias. Outras temem que, digam o que disserem os militantes, a realidade pode ser diferente.
"Os tempos mudaram", disse Khadija, que administra uma escola religiosa para meninas no Afeganistão.
"O Taliban está ciente de que não pode nos silenciar, e se eles desligarem a internet o mundo saberá em menos de 5 minutos. Eles terão que aceitar quem somos e o que nos tornamos".
Este tom de desafio reflete uma geração de mulheres, principalmente em centros urbanos, que cresceu podendo frequentar escolas e universidades e encontrar empregos.
O Taliban governou o Afeganistão entre 1996 e 2001 seguindo a lei islâmica rígida.
As meninas não podiam frequentar escolas, e as mulheres não podiam trabalhar, tinham que cobrir o rosto e ser acompanhadas por um parente homem se quisessem sair de casa. Aquelas que quebravam as regras às vezes sofriam humilhações e espancamentos públicos pela polícia religiosa do Taliban.
Durante os últimos dois anos, quando ficou claro que tropas estrangeiras estavam planejando se retirar do país, líderes do Taliban deram garantias ao Ocidente de que as mulheres desfrutariam de direitos iguais de acordo com o Islã, incluindo acesso a trabalho e educação.