Por Leika Kihara e Tetsushi Kajimoto
TÓQUIO (Reuters) - O novo presidente do banco central do Japão, Kazuo Ueda, disse nesta segunda-feira que quer mais tempo para avaliar se o crescimento salarial será sustentado o suficiente para manter a inflação na meta de 2% do banco, sugerindo que não tem pressa para reduzir o estímulo.
Ueda enfrenta obstáculos, já que a desaceleração do crescimento global obscurece as perspectivas de uma recuperação sustentada da inflação e dos salários, um pré-requisito para eliminar gradualmente o controverso estímulo monetário de seu antecessor.
"Olhando para os atuais acontecimentos econômicos, de preços e financeiros, é apropriado manter o controle da curva de rendimento por enquanto", disse Ueda em entrevista à imprensa nesta segunda-feira.
Se o Banco do Japão vir que pode alcançar sua meta de preços, pode precisar normalizar a política monetária, disse ele.
"Se não, pode ser que tenhamos que criar um arcabouço mais sustentável de olho nos efeitos colaterais do afrouxamento monetário."
O mandato do acadêmico de 71 anos começou no domingo, sucedendo Haruhiko Kuroda, cujo segundo mandato de cinco anos terminou no sábado.
"Dada a alta incerteza econômica, o Banco do Japão se comunicará de perto com o governo e orientará a política monetária com flexibilidade", disse Ueda a repórteres após se encontrar com o primeiro-ministro Fumio Kishida para receber sua carta oficial de nomeação.
Ueda também disse que concorda com o premiê de que não há necessidade imediata de revisar uma declaração conjunta entre o governo e o Banco do Japão, segundo a qual o banco central se compromete a atingir sua meta de inflação de 2% o mais rápido possível.
Os mercados estão em busca de pistas sobre quando Ueda poderá eliminar gradualmente uma política impopular de controle de rendimentos de títulos que atraiu críticas por distorcer os mercados e prejudicar as margens dos bancos.
Em audiências de confirmação parlamentar em fevereiro, Ueda enfatizou a necessidade de manter uma política ultrafrouxa para garantir que o Japão atinja de forma sustentável a meta de inflação de 2% do Banco do Japão, apoiada pelo crescimento salarial.
Mas, com a inflação acima da meta, muitos analistas esperam que o banco central ajuste ou encerre a política de controle da curva, que combina uma meta de 0,1% para os juros de curto prazo e de 9% para os rendimentos de 10 anos, já neste trimestre.
A inflação estagnada há muito tempo e o crescimento salarial do Japão estão mostrando sinais de mudança. Depois de atingir uma máxima de 41 anos de 4,2% em janeiro, o núcleo da inflação ao consumidor permanece acima de 3%, à medida que mais empresas sobem os preços em resposta ao aumento dos custos das matérias-primas.
Ueda presidirá sua primeira reunião de política monetária nos dias 27 e 28 de abril, quando o banco central produzirá novas previsões trimestrais de crescimento e preços até o ano fiscal de 2025.
(Por Leika Kihara e Tetsushi Kajimoto)