Washington, 3 jul (EFE).- Os chanceleres reunidos nesta quinta-feira na Organização dos Estados Americanos (OEA) aprovaram uma declaração que apoia a Argentina na disputa com os fundos abutre e que considera que respeitar os acordos entre devedores e credores é "essencial para a arquitetura financeira internacional".
A declaração foi aprovada por aclamação, mas com abstenções de Estados Unidos e Canadá, que expressaram reservas em notas de rodapé.
Sua aprovação é um triunfo político para a Argentina, que queria convencer os países da região que a sentença do juiz nova-iorquino Thomas Griesa abre um precedente judicial que põe em risco a capacidade dos estados de renegociarem suas dívidas em caso de necessidade.
"Quero expressar em nome da Argentina o agradecimento aos países da América Latina e do Caribe por seu amplo e explícito respaldo ao povo da Argentina", disse o chanceler Héctor Timerman.
"Quando há uma situação na qual há uma evidência tão séria, um problema tão doloroso, que há risco de crise para o sistema internacional, os colocamos de acordo e de maneira muito sólida", disse o secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza.
Na declaração, a OEA expressa "seu respaldo à República Argentina para que possa continuar a honrar suas obrigações, pagando sua dívida, honrando seus compromissos financeiros e para que através do diálogo chegue a um acordo justo, equitativo e legal com 100 % de seus credores".
Também declara "que é essencial para a estabilidade e previsibilidade da arquitetura financeira internacional garantir que os acordos alcançados entre devedores e credores, dentro dos processos de reestruturação das dívidas soberanas, sejam respeitados permitindo que os fluxos de pagamento sejam distribuídos aos credores cooperativos segundo o estipulado com os eles mesmos no processo de readequação consensual da dívida".
E por último mostrou "seu pleno apoio à conquista de uma solução que busque facilitar o amplo processo de reestruturação da dívida soberana argentina".
Os Estados Unidos incluíram uma nota de rodapé à resolução dizendo que não pode "apoiar a declaração" porque o tema "continua a ser um assunto judicial nos Estados Unidos", e o Canadá também se absteve, mas sem indicar suas razões.
"Lamento profundamente que dois países não tenham aderido a esta declaração porque considero ser uma declaração balanceada, que a única coisa que pede é que as situações sejam justas", disse Timerman ao fim da sessão.
A proposta aprovada é levemente diferente da inicialmente proposta por Brasil e Uruguai, já que os países do Caribe buscaram suavizar um parágrafo que em sua origem expressava "sua preocupação pelo comportamento de agentes especulativos que põem em risco os acordos alcançados entre devedores e credores, afetando a estabilidade financeira global".