NOVA YORK/LONDRES (Reuters) - Bares, restaurantes, teatros e cinemas das cidades norte-americanas de Nova York e Los Angeles e de outras cidades globais estão fechando para combater a pandemia de coronavírus, enquanto países reforçaram as fronteiras e bancos centrais de todo o mundo adotaram medidas agressivas para amenizar o impacto econômico da doença.
O Federal Reserve dos Estados Unidos cortou as taxas de juros para quase zero pela segunda vez em menos de duas semanas, e outros BCs seguiram o exemplo, mas os mercados de ações continuaram a despencar e o dólar no exterior recuava diante do iene.
Os principais mercados de ações europeus caíam para seu menor nível desde 2012 nesta segunda-feira, já que os investidores continua preocupados com a ameaça à economia global, e os futuros de Wall Street para o índice S&P 500 atingiram seu limite de baixa, levando a crer que Wall Street deve seguir o mesmo caminho.
"Muitas crianças acham assustador", disse a primeira-ministra da Noruega, Erna Solberg, em uma coletiva de imprensa em seu escritório dedicada a responder perguntas das crianças sobre a pandemia.
"Não tem problema ficar assustado quando tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo", acrescentou.
Líderes dos países do G7 farão uma videoconferência às 11h do horário de Brasília desta segunda-feira para debater uma reação conjunta ao surto do coronavírus.
Vários países proibiram aglomerações, como eventos esportivos, culturais e religiosos, para combater a doença que já infectou mais de 169 mil pessoas mundialmente e matou mais de 6.500.
O vírus foi identificado na cidade chinesa de Wuhan em dezembro, mas agora existem mais casos e mais mortes fora da China continental do que dentro.
No domingo, o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, disse que estava ordenando que restaurantes, bares e cafés só vendam comida para entrega e que ordenará que clubes noturnos, cinemas, teatros pequenos e casas de show fechem.
"Estes locais são parte do coração e da alma de nossa cidade, mas nossa cidade está enfrentando uma ameaça inédita, e precisamos reagir com uma mentalidade de tempo de guerra."
O prefeito de Los Angeles, Eric Garcetti, emitiu ordens semelhantes. Qualquer restaurante, bar ou café que venda alimento só poderá fazê-lo pelo sistema de delivery, disseram autoridades.
Dubai, polo comercial e de viagens do Oriente Médio, disse que está fechando todos os bares e lounges até o final de março. A Tailândia, conhecida por sua vida noturna desenfreada, planeja fechar escolas, bares, cinemas e áreas populares de briga de galo.
"O pior ainda nos aguarda", disse o doutor Anthony Fauci, o principal especialista em doenças infecciosas dos Estados Unidos.
PIORANDO NA ITÁLIA
O doutor Jerome Adams, cirurgião-geral dos EUA, disse que é importante reagir agressivamente.
"Será que queremos ir na direção da Coreia do Sul, ser realmente agressivos e abaixar nossas taxas de mortalidade, ou queremos ir na direção da Itália?", indagou ele na Fox News.
Na Itália, o país mais atingido da Europa, surgiram 368 mortes novas do surto de Covid-19 no domingo, de longe a maior cifra diária registrada em qualquer país, incluindo a China.
O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, disse ao diário Corriere della Sera que o surto ainda está piorando no país como um todo.
Mas a Lombardia, região do norte italiano que vem sofrendo mais com o pior surto de coronavírus da Europa, está mostrando os primeiros sinais de uma possível desaceleração no contágio, disse seu governador, sem dar estatísticas.
O Reino Unido pediu a montadoras como Ford, Honda e Rolls Royce que ajudem a fabricar equipamentos de saúde, como ventiladores, para lidar com o surto e estudará usar hotéis como hospitais.
As diretrizes mundiais coordenadas lembram as medidas abrangentes adotadas pouco mais de uma década atrás para combater o derretimento do sistema financeiro global, mas desta vez o alvo é fazer sociedades inteiras se isolarem.
"A questão que ainda persiste para os investidores é que o impacto econômico do vírus ainda é desconhecido, se este é um evento de um mês ou se é um evento de um ano, e qual será a profundidade do corte nos gastos do consumidor", disse Rick Meckler, sócio da Cherry Lane Investments de New Vernon, em New Jersey.
Empresas aéreas disseram que farão cortes mais drásticos em seus cronogramas de voos, demitirão pessoas e pedirão ajuda governamental por causa das restrições de viagens globais abrangentes.
França e Espanha seguiram a Itália impondo interdições a dezenas de milhões de pessoas. A Austrália ordenou que estrangeiros chegando ao país se isolem.
A China disse que sua produção industrial teve o pior recuo em 30 anos nos dois primeiros meses de 2020.
(Por Doina Choicu, Leela de Krester em Nova York; Lindsay Dunsmuir, Nandita Bose, Howard Schneider e Ann Saphir em Washington; Guy Faulconbridge e Kate Holton em Londres; Francesca Landini e Elvira Pollina em Milão; Kevin Yao em Pequim; Jaime Freed em Sydney; Gwladys Fouche em Oslo; Kay Johnson em Bancoc e Tracy Rucinski em Chicago)