WASHINGTON (Reuters) - O número de norte-americanos que entraram com novos pedidos de auxílio-desemprego se manteve abaixo dos níveis pré-pandemia na semana passada, enquanto os gastos do consumidor aumentaram de forma sólida, colocando a economia dos Estados Unidos a caminho de encerrar 2021 fortalecida.
Mas as pressões sobre os preços continuaram aumentando, com uma medida da inflação subjacente registrando seu maior aumento anual desde a década de 1980 em novembro. Os dados desta quinta-feira surgem em um momento em que o país luta contra o ressurgimento das infecções por Covid-19, impulsionadas pela variante Delta e pela altamente transmissível Ômicron, que podem prejudicar o crescimento econômico no primeiro trimestre.
Os pedidos iniciais de auxílio-desemprego ficaram inalterados em 205 mil, em dado ajustado sazonalmente, na semana encerrada em 18 de dezembro, informou o Departamento do Trabalho. Neste mês, as solicitações haviam caído para um patamar visto pela última vez em 1969.
Economistas consultados pela Reuters previam 205 mil solicitações para a última semana. Os pedidos caíram ante um recorde de 6,149 milhões registrado em abril de 2020.
Os pedidos geralmente sobem durante os meses de clima frio, mas uma escassez aguda de trabalhadores interrompeu esse padrão sazonal, resultando em números menores de registros, em dado ajustado sazonalmente, nas últimas semanas. Descontando a volatilidade semanal, o mercado de trabalho está se apertando, com a taxa de desemprego em 4,2%, uma mínima em 21 meses.
"O aumento normal de demissões em dezembro tem sido mais fraco do que o usual neste ano, resultando em níveis historicamente baixos de registros em termos ajustados sazonalmente", disse Lou Crandall, economista-chefe da Wrightson ICAP em Jersey City.
Havia um recorde de 11,0 milhões de vagas em aberto no final de outubro. Salários mais altos, conforme empresas lutam por funcionários em meio à escassez de trabalhadores, estão ajudando a sustentar os gastos do consumidor.
Um relatório separado do Departamento do Comércio também divulgado nesta quinta-feira mostrou que os gastos do consumidor, que respondem por mais de dois terços da atividade econômica dos EUA, subiram 0,6% no mês passado. Os dados de outubro foram revisados para cima, para mostrar alta de 1,4%, em vez de 1,3%, conforme divulgado anteriormente.
Economistas consultados pela Reuters previam aumento de 0,6% nos gastos do consumidor.
Serviços como viagens durante o feriado de Ação de Graças nos EUA foram responsáveis por grande parte do aumento nos gastos do consumidor. Gastos com bens foram mais fracos depois que os norte-americanos iniciaram suas compras de fim de ano mais cedo para evitar prateleiras vazias devido à escassez.
A economia norte-americana cresceu a uma taxa anualizada de 2,3% no terceiro trimestre, com os gastos do consumidor subindo a um ritmo de 2,0%. As previsões de crescimento para o quarto trimestre chegam a 7,2%.
Para todo o ano de 2021, a economia deve crescer 5,6%, o ritmo mais rápido desde 1984, mostrou pesquisa da Reuters com economistas. Em 2020, a economia contraiu 3,4%.
Em novembro, os preços ao consumidor voltaram a subir. O índice PCE, excluindo componentes voláteis de alimentos e energia, teve alta de 0,5%, após ganho semelhante em outubro.
Nos 12 meses até novembro, o chamado núcleo do PCE acelerou a 4,7%. Esse foi o maior aumento desde a década de 1980 e sucedeu um avanço de 4,2% em outubro ante o mesmo período no ano anterior.
(Por Lucia Mutikani)