Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - A Bovespa não sustentou a alta da abertura e fechou em queda nesta quinta-feira, após o anúncio oficial da nova equipe econômica da presidente Dilma Rousseff, em sessão com o volume de negócios reduzido em razão da ausência de negócios em Wall Street por feriado nos Estados Unidos.
A queda nos preços do petróleo no mercado externo após decisão da Opep de não cortar a produção para controlar o declínio nas cotações da commodity pressionou as ações da Petrobras, pesando também no índice.
O Ibovespa terminou em baixa de 0,68 por cento, a 54.721 pontos. O giro financeiro no pregão somou 4,6 bilhões de reais, abaixo da média diária do ano, de mais de 7 bilhões.
O Palácio do Planalto confirmou nesta tarde Joaquim Levy como novo ministro da Fazenda e Nelson Barbosa como novo titular do Planejamento. Em comunicado, a Presidência também informou que Alexandre Tombini segue à frente do Banco Central. Os três concederam entrevista coletiva.
"Havia ainda alguma expectativa de anúncio de medidas pela nova equipe, mas de efetivo houve apenas a confirmação dos nomes que já estavam na mídia", observou o gestor Eduardo Roche, da Canepa Asset Management. "A falta de detalhes desanimou e amparou alguma realização de lucro."
Desde que a imprensa brasileira cravou o nome de Levy como ministro da Fazenda em substituição a Guido Mantega, na última sexta-feira, o Ibovespa valorizou-se mais de 3 por cento até o fechamento da véspera, em meio à avaliação positiva sobre o ex-secretário do Tesouro e os outros nomes do grupo.
"As escolha são excelentes. São profissionais de muita qualidade e ótima interlocução com os setores da economia", afirmou o presidente-executivo do JP Morgan no Brasil, José Berenguer.
"Foi o famoso sobe no boato e cai no fato", disse o gerente da mesa de renda variável da Fator Corretora, Frederico Ferreira Lukaisus. No melhor momento desta quinta-feira, o Ibovespa chegou a subir 1,8 por cento, a 56.065 pontos.
PETROBRAS GUIA VENDAS
Roche também destacou a queda dos papéis da Petrobras refletiu o comportamento do petróleo no mercado internacional.
As ações da estatal, que têm refletido apostas otimistas do mercado com a nova equipe, valorizaram-se no começo do dia, mas mudaram de rumo e lideraram as baixas, conforme os preços do petróleo passaram a despencar no exterior após decisões da Opep.
As preferenciais da Petrobras fecharam em queda de 4,68 por cento, enquanto os papéis ordinários caíram 3,9 por cento.
No exterior, o contrato do tipo Brent atingiu o menor nível desde 2010, depois que produtores da commodity do Golfo, liderados pela Arábia Saudita, venceram a discussão para manter a produção da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) inalterada.
Mas se a queda do petróleo prejudicou a Petrobras fez o papel da Gol disparar mais de 10 por cento na máxima. A aérea se beneficia da baixa nos custos do querosene de aviação. No fechamento, as ações subiram 7,6 por cento.
Suzano Papel e Celulose teve alta de 1,7 por cento, após a empresa informar que avalia aumentar preços no primeiro semestre de 2015, antes da entrada de novas capacidades na indústria.
O setor como um todo descolou do resultado do Ibovespa, com Klabin e Fibria também na ponta positiva, em sessão com dados do setor.
(Edição de Aluísio Alves)