Investing.com – A economia brasileira medida pelo Produto Interno Bruto (PIB) registrou expansão de 1,4% no segundo trimestre deste ano, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com avanços na indústria e nos serviços, o indicador veio acima do consenso, que indicava alta de 0,9%, e da leitura do primeiro trimestre, quando a atividade avançou 1% (revisado de 0,8%).
Pela ótica da produção, a alta no trimestre, na série com ajuste sazonal, teve impulso em serviços, que subiram 1,0%, e na indústria, que registrou um crescimento de 1,8%. Por outro lado, agropecuária apresentou uma queda de 2,3%. “Mas o primeiro trimestre do agro tinha sido bem positivo, então foi comum ver essa desaceleração e gerando impacto negativo”, esclarece Marcos Moreira, CFA e sócio da WMS Capital.
Pela ótica da demanda, o consumo das famílias e o consumo do governo subiram 1,3%, ambos, enquanto a formação bruta de capital fixo registrou um ganho de 2,1% em relação ao trimestre anterior. No setor externo, as exportações de bens e serviços apresentaram alta de 1,4%, enquanto as importações registraram incremento de 7,6% na mesma análise.
Economistas consultados pelo Investing.com Brasil antes da divulgação já esperavam essa composição, em meio a um mercado de trabalho resiliente impulsionando a demanda. Além disso, os investimentos demonstram reação após um ano de 2023 com indicador em nível de alerta.
Demanda robusta abre espaço para revisões de projeções
Com um dado acima do previsto, economistas argumentam que as estimativas de mercado para o crescimento da economia devem ser elevadas nos próximos Boletim Focus, e podem afetar a política monetária do Banco Central. Com pressões inflacionárias, dólar elevado e desancoragem das expectativas, ainda que o Focus indique uma taxa Selic a 10,5% ao final do ano, mais agentes do mercado têm alterado o cenário base para uma alta nos juros - que é o que espera Moreira.
A leitura demonstra que o impacto das enchentes no Rio Grande do Sul teria sido mais que compensado pela dinâmica benigna da demanda, de acordo com Maykon Douglas, economista da Highpar.
“O resultado do PIB no segundo trimestre lembra um pouco a composição vista no primeiro trimestre, mas ainda melhor. A força do emprego formal e a expansão real da massa salarial seguem como vetores positivos para o consumo familiar, bem como o impulso positivo do crédito desde o fim do ano passado”, destaca.
Revisões de projeções para a atividade neste ano são esperadas, segundo o economista André Perfeito, que explica que parte do mercado deve entender dados de atividade mais fortes como um fator que reforça a tese de uma possível alta na taxa de juros.
“Adicionalmente a melhora do PIB deverá ajudar à arrecadação do governo uma vez que hoje muitas das desonerações feitas no passado foram revertidas e nesse sentido o crescimento econômico deverá melhorar o caixa do governo. No geral os dados são positivos e reiteram uma leitura mais benigna para o mercado de capitais”, avalia Perfeito.