Por Howard Schneider e Ann Saphir
CHICAGO (Reuters) - O Federal Reserve vai responder "conforme apropriado" aos riscos apresentados por uma guerra comercial global e outros acontecimentos recentes, afirmou nesta terça-feira o chairman do Fed em declarações que parecem abrir a porta sobre a possibilidade de um corte de juros.
Em um breve comunicado incluído como parte de um discurso sobre questões mais amplas de política monetária, Powell disse que o Fed está "monitorando de perto as implicações" de uma disputa comercial que tem, desde a última reunião do Fed, afetado os mercados acionários e de títulos globais e apresentado riscos aos EUA e ao crescimento econômico mundial.
"Não sabemos como ou quando essas questões serão resolvidas", disse Powell. "Como sempre, vamos agir conforme apropriado para sustentar a expansão, com mercado de trabalho forte e a inflação perto do nosso objetivo simétrico de 2%".
As declarações dele não incluíram uma referência à atual taxa de juros do Fed como apropriada, nem uma repetição da promessa de ser "paciente" antes de elevar ou reduzir os juros de novo --ambas referências padrão nos últimos comunicados do Fed.
As declarações também refletem uma crença menor no banco central norte-americano de que o governo do presidente Donald Trump vai resolver suas disputas com parceiros comerciais em um cronograma que apresente pouco risco para o crescimento econômico dos EUA.
A perspectiva de elevadas tarifas globais e uma guerra comercial prolongada levaram o presidente do Federal Reserve de St. Louis, James Bullard, a defender um corte de juros nesta semana, e intensificaram as apostas do mercado de que o Fed deixará de lado sua promessa de paciência e reduzirá os custos de empréstimo.
O Fed vem mantendo os juros desde dezembro, quando os elevou para a faixa entre 2,25% e 2,5%. Embora em um nível baixo pelos padrões históricos, a taxa está em torno do nível que autoridades sentem ser "neutra", o que significa não encorajar nem desencorajar os investimentos e os gastos.
As declarações sobre comércio abriram comentários que dão um tom sombrio sobre o dilema que o Fed enfrenta. Com juros e inflação em níveis tão baixos, disse Powell, contrações futuras devem forçar o banco central a cortar de novos os juros para zero e recorrer a ferramentas "não convencionais" como compra de títulos para sustentar a economia.
"Haverá uma próxima vez", disse Powell ao abrir uma conferência de dois dias para discutir se deve-se tentar elevar a inflação e os juros, ou planejar mais rodadas de compras de ativos.
Juros tão perto de zero "se tornaram o desafio preponderante de política monetária no nosso tempo", disse Powell. "Talvez seja a hora de retirar o termo 'não convencional' quando nos referimos a ferramentas que foram usadas na crise. Sabemos que ferramentas como essas deverão ser necessárias de alguma forma no futuro."