Por Julia Symmes Cobb e Carlos Vargas
BOGOTÁ (Reuters) - A promessa do governo da Colômbia e rebeldes das Farc de acabar com a guerra mais longa da América Latina em março provocou tanto aplausos como ceticismo em uma população escaldada por 51 anos de mortes, desaparecimentos e danos à economia.
Reunidos pela primeira vez na quarta-feira à noite, o presidente Juan Manuel Santos e o líder guerrilheiro Rodrigo Londoño, mais conhecido como Timochenko, apertaram as mãos ao firmarem um acordo para alcançar a paz no prazo de seis meses e desarmar os rebeldes 60 dias depois.
Eles concordaram com a criação de um tribunal especial para julgar os piores crimes do conflito de 51 anos, de abuso sexual e sequestro à tortura e execuções, e mais a concessão de uma possível anistia para outros combatentes.
"Ver o presidente apertando as mãos de Timochenko é um sinal de que desta vez é possível assinar um acordo de paz", disse a enfermeira Patricia Vargas, de 33 anos, referindo-se às fracassadas tentativas no passado para alcançar a paz. "Custou-nos muito."
Mas em meio a aplausos, que também vieram dos Estados Unidos e do Vaticano, Santos, de centro-direita, também deve enfrentar críticas internas dos que consideram que ele está sendo mole com as Farc depois de um conflito que deixou 220.000 mortos e milhões de deslocados.
Formadas em 1964 como um movimento de inspiração marxista em prol dos direitos dos camponeses, as Farc perderam apoio popular ao longo dos anos violentos que se seguiram, especialmente à medida que se envolviam cada vez mais com o tráfico de drogas no país, produtor de cocaína.
"Eles se renderam às Farc", lamentou o aposentado Alfonso Llana, passeando por um parque de Bogotá com a esposa, assim que se espalharam as notícias da reunião de Santos e Timochenko em Havana.
"Se a paz significa que eles vão parar de atirar, isso provavelmente vai acontecer, mas não acho que o conflito vá terminar aí", acrescentou Llana, expressando um amplo temor de que ex-rebeldes se reagrupem em gangues em vez de se inserirem na sociedade e procurarem empregos.
O governo disse que um acordo pode elevar o PIB em até 2 por cento porque a economia se expandirá por áreas hoje sob controle rebelde e cessarão os ataques à infraestrutura.