(Reuters) - A presidente do banco central da Rússia, Elvira Nabiullina, sinalizou nesta segunda-feira um novo corte de juros e disse que levará dois anos para reduzir a inflação para sua meta de 4%, à medida que a economia se adapta ao impacto de sanções ocidentais.
"O período em que a economia pode viver de reservas é finito. E já nos segundo e terceiro trimestres entraremos em um período de transformação estrutural e de busca por novos modelos de negócios", disse Nabiullina em seu discurso mais significativo desde que a Rússia enviou suas forças à Ucrânia, em 24 de fevereiro.
Ela disse aos membros do Parlamento que isso será acompanhado por um aumento nos preços de certos bens, de modo que a inflação --que atingiu 17% ao ano em março-- ficará acima da meta. Mas isso será causado pela baixa oferta, não pela demanda alta.
"Portanto, não tentaremos reduzi-la de forma alguma --isso impediria que os negócios se adaptassem", disse ela. Mas "o crescimento da inflação não deve ser incontrolável" e a política monetária do banco a trará de volta à meta de 4% em 2024.
O adiamento da meta de inflação do banco central destacou o desafio que Nabiullina, uma das autoridades de política monetária mais respeitadas do mundo, enfrenta conforme tenta estabilizar a economia da Rússia, que está sob ataque de sanções ocidentais.
Nabiullina elevou a principal taxa de juros da Rússia para 20%, de 9,5%, em 28 de fevereiro, quatro dias depois que as forças russas entraram na Ucrânia. Mas depois, em 8 de abril, a reduziu para 17%.
Nesta segunda-feira, ela sinalizou que tentará cortar os custos dos empréstimos ainda mais.
"Devemos ter a possibilidade de reduzir a taxa básica mais rapidamente", disse Nabiullina. "Devemos criar condições para aumentar a disponibilidade de crédito para a economia."
Ela também disse que Moscou planeja tomar medidas legais sobre o bloqueio de ouro, moedas estrangeiras e outros ativos pertencentes a residentes russos, acrescentando que tal medida precisaria ser minuciosamente pensada.
(Reportagem da Reuters)