SÃO PAULO (Reuters) - A indústria de veículos do Brasil acelerou em outubro, atingindo o maior volume de vendas de um único mês desde dezembro de 2014, ajudando a compensar a queda nas exportações gerada pela crise no principal comprador do país, a Argentina.
O resultado foi obtido apesar das incertezas do período eleitoral, o que para o presidente da associação de montadoras, Anfavea, Antonio Megale, sinaliza que o "consumidor está determinado a trocar seus veiculos".
Em outubro, a venda de veículos novos no país somou 254,7 mil unidades, avanço de 25,6 por cento sobre mesmo mês de 2017 e de 19,4 por cento frente a setembro. Com isso, o setor acumulou licenciamentos de 2,1 milhões de veículos desde janeiro, alta de 15,3 por cento ante mesma etapa do ano passado, acima da previsão da Anvafea para o ano, de alta de 13,7 por cento.
"As vendas neste ano devem ficar acima da nossa projeção para 2018. Devem crescer cerca de 15 por cento", afirmou Megale. "Parece que Brasil entrou numa rota definitiva de crescimento, as pessoas perderam receio de ficar sem emprego e isso motiva as vendas. Vemos vários setores, além do agronegócio, se recuperando, e isso contribui para o crescimento econômico", acrescentou, citando ainda vendas importantes para empresas de aplicativos de transporte, que passam por um ciclo de expansão.
Se a projeção oficial de crescimento de 13,7 por cento nas vendas, se confirmar, o setor deve ter em 2018 o melhor ano desde 2015, quando ainda passava por um período de quedas nos licenciamentos, interrompido em 2017.
Faltando menos de dois meses para o fim do ano, Megale disse que as vendas do início de novembro, marcado por dois feriados nacionais que reduzem o período de licenciamentos, seguem em ritmo acelerado, atingindo na véspera ritmo de cerca de 11 mil unidades por dia ante, volume que chegou a 11,6 mil em outubro.
O mercado interno deu suporte à produção das montadoras, que subiu 17,8 por cento em outubro ante setembro e 5,2 por cento na comparação anual, para 263,3 mil unidades. Isso ocorreu apesar da queda de 1,8 por cento nas exportações de veículos em outubro ante o mês anterior e de 37,3 por cento ano a ano.
No acumulado do ano, a produção de veículos subiu 9,9 por cento na comparação anual, para 2,458 milhões de unidades. A previsão da Anfavea é de crescimento de 11,1 por cento, para 3 milhões de unidades.
Para 2019, a indústria espera que a produção de veículos possa atingir 3,2 milhões de unidades no Brasil, apesar da crise Argentina, responsável por cerca de 70 por cento das exportações de veículos do país. A expectativa baseia-se na previsão de que as vendas no mercado interno subam ao menos 10 por cento.
(Por Alberto Alerigi Jr.)