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Indústria do Brasil perde força em março mas ainda termina 1º tri com ganhos

Publicado 03.05.2022, 09:11
Atualizado 03.05.2022, 09:45
© Reuters. Fábrica de equipamentos de energia solar em Campinas, SP
13/02/2020
REUTERS/Amanda Perobelli

Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier

SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - A produção industrial do Brasil avançou pelo segundo mês seguido em março, mas terminou o primeiro trimestre com perda de força e sem recuperar as perdas do início do ano, dando novos sinais de dificuldades de retomada em meio ao aperto das condições financeiras e monetárias, além do aumento de custos.

A produção teve em março alta de 0,3% em relação ao mês anterior, informou nesta terça-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), depois de ganho de 0,7% em fevereiro.

Os ganhos seguidos, no entanto, não recuperam a perda de 2% registrada em janeiro, e a indústria ficou em março 2,1% abaixo do patamar pré-pandemia, de fevereiro de 2020, segundo o IBGE.

Mas ainda assim, o setor encerra o primeiro trimestre com ganho de 0,3% sobre os três últimos meses de 2021, na primeira alta trimestral depois de um ano inteiro de perdas.

"São perdas muitos grandes do setor industrial ao longo dos últimos anos. Ainda há muito espaço a recuperar", disse o gerente da pesquisa, André Macedo.

Na comparação com o mesmo período do ano anterior, a produção industrial registrou queda de 2,1%.

As expectativas em pesquisa da Reuters com economistas eram de alta de 0,2% na variação mensal e de recuo de 3,0% na base anual.

O ambiente de inflação e juros altos traz dificuldades para a indústria brasileira, que a partir do final de fevereiro ainda passou a enfrentar os desafios apresentados pela invasão da Ucrânia pela Rússia, que afetou os preços de energia e petróleo, elevando os custos.

Analistas avaliam que o setor não deve apresentar uma recuperação consistente nos próximos meses, com o conflito na Ucrânia postergando a esperada normalização das cadeias de oferta.

"Questões complicadoras na oferta, que é algo mais global, afetado pelo mercado internacional, e na demanda doméstica" são exemplos de fatores que ainda dificultam a retomada da indústria, de acordo com Macedo.

"Além disso, a inflação vem diminuindo a renda disponível e os juros sobem e encarecem o crédito. Também o mercado de trabalho, que apresenta alguma melhora, ainda mostra índices como uma massa de rendimentos que não avança", completou.

Buscando dar impulso à indústria, no fim de fevereiro o governo reduziu as alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) em 25% para todos os produtos com exceção de tabaco. No final do mês passado, ampliou o corte para 35%, em medida que preservará parcialmente os incentivos à Zona Franca de Manaus.

Em março, a maior influência positiva partiu da alta de 6,9% na produção de veículos automotores, reboques e carrocerias, no segundo mês de expansão, embora não recupere o recuo de janeiro.

© Reuters. Fábrica de equipamentos de energia solar em Campinas, SP
13/02/2020
REUTERS/Amanda Perobelli

Também contribuíram de forma positiva outros produtos químicos (7,8%), bebidas (6,4%) e máquinas e equipamentos (4,9%), entre outros.

Já entre os desempenhos negativos, o destaque foi a contração de 1,7% na fabricação de produtos alimentícios, interrompendo quatro meses consecutivos de alta.

Entre as grandes categorias econômicas, tiveram alta bens de capital (8%), bens de consumo duráveis (2,5%) e bens intermediários (0,6%), enquanto bens de consumo semi e não-duráveis apresentaram queda de 3,3%.

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