(Reuters) - A adoção de medidas protecionistas e unilaterais, como as tarifas impostas pelos EUA contra a China, e vice-versa, prejudicam o dinamismo da economia mundial e vão na contramão do que deseja o país, como regras claras e maior integração, disse o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, nesta sexta-feira.
"A percepção geral é de que a escalada do protecionismo tira dinamismo da economia da maioria dos países... protecionismo e visões unilaterais acabam indo na contramão do que se quer", afirmou o ministro, após reuniões técnicas com representantes de países dos Brics, segundo áudio divulgado pelo ministério.
"Queremos fluxo de comércio livre, com regras claras, independente de ganho de curto prazo, não estamos vivendo para isso, estamos olhando para o 'big picture'."
Falando a jornalistas antes da cúpula do G20 em Buenos Aires, segundo áudio divulgado pelo Ministério da Fazenda, Guardia disse que haveria vantagens para as exportações nacionais à China, uma vez que produtos enviados pelos EUA ficariam mais caros por causa das tarifas. Mas este ganho --em torno de 2 bilhões de dólares-- seria apenas de curto prazo e não figura entre os objetivos do Brasil.
"O movimento é negativo", afirmou. "Independentemente de qualquer ganho de curto prazo, tira dinamismo da economia mundial e é tudo que a gente não quer."
O nervosismo sobre as negociações bilaterais entre os Estados Unidos e a China, que devem ter seu ápice durante jantar dos presidentes Donald Trump e Xi Jinping no dia seguinte, ditaram boa parte dos negócios de títulos, ações e moedas nesta semana e devem influenciar o rumo dos negócios, a depender do resultado do encontro entre os dois líderes.
(Por Iuri Dantas, em São Paulo)