Por Jason Lange e Ann Saphir
MERIDIAN/SÃO FRANCISCO (Reuters) - A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aumentar as tarifas sobre produtos da China alimentou as apostas de mercado nesta sexta-feira de que o Federal Reserve cortará as taxas de juros no final deste ano e um membro do Fed sugeriu que estaria aberto a essa possibilidade se os dados econômicos deteriorarem.
Desde janeiro, o Fed sinalizou que espera manter as taxas inalteradas enquanto avalia as condições da economia, incluindo inflação abaixo do ideal e crescimento do PIB e do emprego mais rápido do que o esperado.
Em contraste, Trump e outros altos funcionários do governo pediram repetidas vezes para o Fed reduzir os juros para impulsionar o crescimento econômico, que deverá desacelerar neste trimestre em relação ao ritmo anual de 3,2 por cento do trimestre passado, com a perda de vigor do efeito dos cortes de impostos do ano passado.
Mas, nesta sexta-feira, perguntando se as novas tarifas dos EUA poderiam levar a um corte nas taxas, o presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, não descartou a possibilidade.
"Dependendo da gravidade da resposta, poderia", disse Bostic a jornalistas. "Isso realmente depende. Depende do que as empresas decidem fazer e então depende de quanto tempo as tarifas estão em vigor."
As projeções do Fed publicadas em março sugerem que a maioria dos formuladores de política monetária espera que as taxas fiquem estáveis até o final do ano. O chairman do Fed, Jerome Powell, previu no início deste mês que as recentes leituras mais fracas de inflação foram ditadas por fatores transitórios e reiterou sua opinião de que não há necessidade urgente de elevar ou baixar os juros.
O dado de inflação divulgado nesta sexta-feira sugere que as pressões sobre os preços continuam fracas.