Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O Santander (BVMF:SANB11) reduziu sua projeção para a alta do IPCA em 2022, na esteira da aprovação de novas reduções de impostos no Brasil, mas espera que o efeito dessas medidas tenha curta duração, o que levou a uma elevação de suas estimativas de inflação para o ano que vem.
Agora, o banco espera que os preços ao consumidor subam 7,9% neste ano, contra projeção anterior de 9,5%.
A revisão vem na esteira da redução de alíquotas de ICMS sobre os setores de combustíveis, gás, energia, comunicações e transporte coletivo, mas o Santander notou em relatório assinado por sua economista-chefe, Ana Paula Vescovi, e pelo time macroeconômico para o Brasil que "parte das desonerações tributárias deve ser revertida no próximo ano", o que justifica alta no prognóstico do IPCA de 2023 para 5,7%, de 5,3% antes.
O cenário do banco prevê superação dos tetos das metas oficiais de inflação tanto neste ano quanto no próximo. Os centros dos objetivos perseguidos pelo Banco Central são de 3,5% para 2022 e 3,25% para 2023, sempre com margem de tolerância de 1,50 ponto percentual para mais ou para menos.
Diante desse cenário, "identificamos a necessidade de um aperto adicional na taxa Selic para que o Banco Central do Brasil (em sua ótica) possa trazer a inflação para mais perto do centro da meta em 2023", disse Vescovi, ex-secretária do Tesouro Nacional.
O Santander passou a projetar juros básicos de 14,25% ao fim do atual ciclo de aperto monetário do BC, prevendo altas de 0,50 ponto percentual tanto em agosto quanto em setembro. Antes, o banco previa Selic terminal de 13,50%.
Também houve ajuste nos prognósticos para os anos seguintes, com o Santander vendo a Selic em 12,00% ao fim de 2023 (10,50% antes) e 9,00% no término de 2024 (8,00% antes).
O Santander elevou a previsão para o crescimento do PIB em 2022 a 1,9%, contra 1,2% anteriormente. As estimativas para 2023 e 2024 foram mantidas: retração de 0,6% e expansão de 0,5%, respectivamente.
FISCAL E CÂMBIO
O Santander passou a ver déficit primário em 2022, de 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB), contra superávit de 0,4% previsto anteriormente. O credor citou efeitos negativos de maior estímulo fiscal via desonerações tributárias e PEC dos Benefícios --que estabelece despesas fora do teto de gastos e deve ser promulgada nesta semana.
Para 2023, a estimativa de déficit primário dobrou para 1,2%, contra rombo de 0,6% no cenário anterior.
O Santander espera que a dívida bruta fique em 79,9% do PIB neste ano, de 79,0% estimados anteriormente, e em 84,6% do PIB em 2023, contra previsão de 83,1% em seu cenário prévio.
Com a percepção de risco fiscal elevado e cenário externo adverso em meio a temores de recessão, o Santander piorou as projeções para a taxa de câmbio a 5,30 reais por dólar ao fim de 2022, 5,15 em 2023 e 5,20 em 2024, de 5,15, 5,00 e 5,10 no prognóstico anterior, respectivamente.