Investing.com – Michael Every, analista do Rabobank, projeta que o Federal Reserve (Fed) finalizará os cortes de juros em 4,5%, se Donald Trump for eleito na próxima corrida presidencial. Segundo Every, a política econômica do ex-mandatário reacenderia a inflação, obrigando o banco central americano a tomar essa medida.
O analista destaca que a ata recente do Fed indica uma disposição para reduzir as taxas de juros, com a maioria dos membros do Fomc (comitê de política monetária americano) pronta para iniciar os cortes já em setembro. Esta prontidão reflete as preocupações persistentes com o crescimento econômico estagnado, com um plano de reduzir as taxas de juros em um total de 100 pontos-base até janeiro.
Contudo, a vitória de Donald Trump alteraria profundamente este cenário. Every afirma que suas políticas econômicas induziriam efeitos inflacionários, forçando o Fed a reavaliar sua estratégia de flexibilização. Ele sugere que a agenda de Trump, focada na expansão econômica e na desregulamentação, elevaria os preços ao consumidor. Esse risco inflacionário levaria o Fed a cessar prematuramente os cortes de juros para evitar a perda de controle sobre a inflação.
Este cenário faria o Federal Reserve manter os juros em 4,5%, ao contrário das expectativas iniciais de muitos no mercado que previam uma continuação dos cortes. Every ressalta que o mercado financeiro, que antecipa taxas de juros mais baixas e uma política monetária mais flexível, se decepcionaria com essa interrupção precoce, o que poderia desencadear uma volatilidade maior nos mercados.
Every também questiona o impacto da combinação de políticas fiscais e monetárias na economia mais ampla. Caso as políticas de Trump desencadeiem uma inflação maior, isso poderia agravar as pressões financeiras sobre a classe média e intensificar as desigualdades sociais. Ele observa que a combinação de inflação alta e cortes de juros limitados poderia aumentar ainda mais as disparidades econômicas entre os ricos e os pobres.
Além disso, considera que os mercados têm sido altamente responsivos à política do Federal Reserve nos últimos anos. Um possível cessar dos cortes de juros em 4,5% impactaria a estabilidade dos mercados financeiros, particularmente porque muitos investidores apostavam numa continuação da flexibilização monetária. Tal disrupção aumentaria as incertezas do mercado e poderia resultar em flutuações de preço mais extremas.
O analista conclui que a situação econômica atual é complexa e influenciada por uma miríade de fatores imprevisíveis. As tensões geopolíticas, especialmente no Oriente Médio, e um ambiente comercial volátil adicionam à incerteza geral. Se Trump ganhar as eleições, esses fatores dinâmicos e frequentemente contraditórios podem desempenhar um papel ainda mais significativo nas decisões do Fed.
Fed só garante “pouso suave” se cortar juros para cerca de 3%
Na visão da AlpineMacro, o Fed precisa reduzir os juros para cerca de 3% até o final do próximo ano para assegurar um “pouso suave” da economia.
Em uma nota recém-divulgada, a empresa argumenta que o mercado de trabalho dos EUA está perdendo força e pode em breve sair da condição de pleno emprego, elevando o risco de a inflação ficar abaixo da meta de 2%.
Apesar do segmento de moradia manter a inflação acima da meta, a AlpineMacro ressalta que a inflação geral dos EUA, descontando o setor de moradia, já recuou para abaixo de 2%.
Com a desaceleração nos preços das moradias e o aumento da folga no mercado de trabalho, a empresa de análise sugere que o núcleo da inflação geral possa ficar abaixo da meta do banco central americano, fortalecendo o argumento para uma redução maior das taxas de juros.
A AlpineMacro destaca que uma resposta tardia do Fed pode aumentar a probabilidade de uma recessão, o que levaria as taxas a caírem ainda mais, possivelmente até 2%.
LEIA TAMBÉM: Powell diz que "chegou a hora" de reduzir os juros nos EUA
Atualmente, a análise da empresa aponta para um pouso suave como o cenário mais provável, com o rendimento dos títulos do Tesouro de 10 anos projetado para se estabilizar em cerca de 3,5%.
Além disso, a AlpineMacro sugere que, com a redução dos juros pelo Fed, é provável que o dólar se desvalorize, tornando o iene e a libra esterlina opções especialmente atraentes.
Os analsitas também antecipam que o Banco do Canadá será o próximo banco central do G10 a reduzir as taxas de juros, recomendando aos investidores que mantenham uma exposição elevada em títulos canadenses.
A análise da AlpineMacro ressalta o delicado equilíbrio que o Fed deve manter para conduzir o cenário econômico atual sem precipitar a economia em uma recessão.