BRASÍLIA (Reuters) -O secretário do Tesouro Nacional, Paulo Valle, afirmou nesta quarta-feira que o governo deve encerrar o ano com uma situação fiscal "satisfatória", ponderando que a chegada de 2022 inspira preocupações com o cenário econômico mundial e as eleições presidenciais no Brasil.
Em entrevista para comentar o resultado primário de novembro, Valle disse que a estimativa para o saldo de 2021 pode ficar próxima a um déficit de 70 bilhões de reais. O dado efetivo dependerá da execução orçamentária de dezembro e do chamado empoçamento, verbas disponibilizadas aos ministérios, mas que acabam não executadas.
“Não estou dizendo que o cenário está tranquilo, a pandemia ainda afeta economia e cenário para 2022 é desafiador, temos ano eleitoral com potencial de gerar volatilidade, mas é um ano fiscal mais curto”, disse.
Segundo ele, o governo tem preocupação com a elevação de taxas de juros nos Estados Unidos e com a alta da inflação no mundo.
Valle ponderou que o Banco Central do Brasil está à frente da curva de juros após aceleração na Selic, o que, para ele, deve ter efeito positivo sobre a inflação.
O secretário disse ainda que o Tesouro tem caixa para pagar quase dez meses de vencimentos da dívida.
“Estamos bem posicionados para enfrentar o ano, que não vai ser tranquilo”, afirmou.
REAJUSTES A SERVIDORES
Em meio a pressões do funcionalismo por aumentos salariais, Valle disse que a pasta trabalhava com a diretriz de não promover reajustes em 2022. Ele ressaltou que o Orçamento para o ano foi aprovado no Congresso com a previsão de 1,7 bilhão de reais para essa finalidade, mas destacou que ainda não estão definidas as categorias beneficiadas.
De acordo com Valle, a discussão sobre o tema é foco de preocupação porque o funcionalismo não tem reajustes há mais de dois anos.
"Ainda não está definido como será alocado 1,7 bilhão de reais para reajustes, ao longo de janeiro devemos ter mais clareza", afirmou.
O secretário ainda afirmou não ter conhecimento sobre eventual decreto para regulamentar o pagamento de bônus a servidores da Receita Federal.
Os auditores fiscais anunciaram a entrega de cargos de chefia e a redução de atividades como forma de pressionar o governo a liberar o benefício e recompor verbas da Receita.
(Por Bernardo Caram; edição de Isabel Versiani e Luana Maria Benedito)