Investing.com – O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central inicia nesta terça-feira, 19, a reunião de dois dias em que deve definir os rumos da taxa de juros brasileira. A expectativa consensual é de que os membros do colegiado cortem a Selic em meio ponto percentual, passando dos atuais 13,25% para 12,75% após o anúncio de quarta, 20.
Ainda que siga o processo de corte nos juros, a política ainda estaria em território contracionista, acima taxa de juros neutra estimada pelo Banco Central. Dessa forma, a Selic em patamar elevado ainda serviria como âncora para a inflação brasileira.
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 0,23% em agosto, levando o indicador em doze meses a 4,61%, conforme divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A expectativa de mercado é de uma inflação acima da meta neste ano. Dados do Boletim Focus do Banco Central mostram que os economistas consultados pela autoridade monetária reduziram as projeções para o IPCA de 2023 de 4,93% para 4,86%, enquanto o centro da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 3,25%, com intervalo de um ponto e meio de tolerância, para cima ou para baixo. O Focus indica Selic a 11,75% ao final deste ano.
"Esperamos corte de 50 bps da Selic na reunião de setembro e taxa de 11,50% no fim de 2023 e de 9,0% no fim de 2024”, aponta Sérgio Goldenstein estrategista-chefe da Warren Rena.
O economista-chefe da Nomad, Danilo Igliori, concorda com essa projeção, mas cita dúvidas a respeito de um eventual anúncio do Copom sobre a possibilidade de acelerar os cortes para 0,75 ponto porcentual ainda este ano. “Os dados de agosto mostraram robustez na atividade econômica que motivaram revisões para cima nas projeções do PIB (que estão girando em torno de 3%). Além disso, a inflação permanece acima da meta, mas apresentou comportamento mais favorável para os segmentos de serviços”.
A Nomad espera a manutenção do ritmo com a Selic, fechando 2023 em 11,75%. “Aumenta em popularidade o entendimento de que a atividade econômica deve desacelerar de forma mais significativa nos próximos meses, o que pode levar a um corte maior em dezembro trazendo a Selic para 11,50%”, pondera.
A Guide segue na mesma linha, com expectativa igual ao consenso. Rafael Pacheco, economista da Guide Investimentos, afirma que o comunicado não deve ser surpreendente e deve antever novo corte de mesma magnitude pelo menos pelas duas próximas reuniões do Copom.
“No último comunicado, o Copom disse que nas próximas reuniões seria adequado esse ritmo de corte, mas em dezembro eu acho que tem até a possibilidade de aumentar o ritmo de corte, mas vamos esperar para ver, preferimos manter uma progressão mais cautelosa".
A Guide lembra que a decisão da última reunião foi extremamente dividida, com 4 dos 9 membros votando por um corte menor do que o 0,5 ponto percentual definido. O cenário desde a última reunião contou com deterioração em alguns aspectos no balanço de riscos, mas dados correntes de inflação indicam tendência mais benigna, principalmente na inflação de serviços.
“A Inflação dos núcleos ajudou, continuou desacelerando em um ritmo mais acelerado do que a gente estava esperando. Mas houve outros pontos mais negativos, o petróleo subiu, dados do cenário fiscal foram piores e o cenário internacional contou com abertura da curva, principalmente nos Estados Unidos”, detalha.