Sem sinal único externo e com ruídos políticos internos, taxas sobem nesta 3ª (5)

Publicado 05.08.2025, 15:12
Atualizado 05.08.2025, 18:40
Sem sinal único externo e com ruídos políticos internos, taxas sobem nesta 3ª (5)

Na véspera do início da vigência da tarifa de 50% dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, os investidores operaram atentos a ruídos políticos após a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) decretada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, e sem uma direção única do exterior como influência para os juros. O saldo foi de alta da maior parte das taxas futuras na segunda etapa do pregão desta terça-feira, 5, que tiveram o pior comportamento entre os ativos domésticos - já que o dólar andou de lado e a Bolsa teve recuperação tímida.

A ponta curta seguiu rondando a estabilidade, ancorada na perspectiva de manutenção da Selic em 15% ao ano por "período bastante prolongado". Na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), publicada nesta manhã, o colegiado repetiu essa expressão 5 vezes, destaca Cristiano Oliveira, diretor de pesquisa econômica do banco Pine. O documento reforçou que o Banco Central (BC) deve manter postura cautelosa em meio ao ambiente externo mais incerto, disse Oliveira, para quem o BC começará a reduzir o juro básico em dezembro de 2025.

Encerrados os negócios, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2026 oscilou de 14,909% no ajuste de ontem para 14,905%. O DI de janeiro de 2027 passou de 14,156% no ajuste da véspera para 14,165%. O DI de janeiro de 2028 marcou 13,475%, de 13,442% no ajuste antecedente. O DI de janeiro de 2029 aumentou de 13,351% para 13,415%.

Na ponta mais longa da curva, o DI de janeiro de 2031 avançou de 13,57% ontem no ajuste para 13,65%. O DI de janeiro de 2033 também subiu, a 13,77%, vindo de 13,689% no ajuste de segunda.

Do lado político, nesta tarde, o presidente do PP, Ciro Nogueira, afirmou que seu partido deve aderir à obstrução a votações no Congresso proposta pela oposição, como reação à prisão domiciliar de Bolsonaro. Ciro disse que conversou com o presidente do União Brasil, Antônio Rueda, que também sinalizou a adesão. Também hoje, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, da mesma legenda, declarou que o partido adotou a "obstrução total" contra pautas da Câmara e do Senado, de acordo com o site da revista Veja.

Os partidos de oposição ao governo Lula impuseram a obstrução como forma de pressionar a cúpula do Congresso a votar o projeto de anistia, o pedido de impeachment de Moraes e o projeto que acaba com o foro privilegiado.

Segundo Ian Lima, gestor de renda fixa da Inter Asset, qualquer sinal de desalinhamento do Executivo com o Legislativo é negativo, o que tem impacto sobre os vértices intermediários e longos da curva. "Temos pautas importantes sendo votadas no Congresso. Embora as taxas tenham mostrado abertura pequena, houve uma piora na margem com essas notícias", disse Lima.

"Mas depois que as taxas fecham muito, esse tipo de movimento é normal. Alguns investidores realizam lucros", pondera o gestor, lembrando que as sessões mais recentes têm sido marcadas por recuo dos juros futuros - mais na esteira do alívio fornecido pelos rendimentos dos Treasuries do que devido a fatores domésticos.

No campo da ofensiva comercial dos EUA, o presidente Lula criticou hoje a postura do presidente Donald Trump, que poderia ter conversado com ele por telefone ou mesmo com o vice-presidente Geraldo Alckmin. Ainda não houve reação de Trump ao novo revés de Bolsonaro no Judiciário, algo que poderia ter acentuado a abertura dos juros no pregão de hoje.

Durante as falas de Lula, por volta de 14h30, as taxas chegaram a acelerar as altas observadas desde o início da sessão, mas o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, acredita que o gatilho principal veio do exterior. Um pouco antes, o Departamento do Tesouro dos EUA realizou um leilão de T-Notes de 3 anos com demanda e rendimento máximo abaixo da média.

"O discurso de Lula não mudou nada, é mais político do que pragmático. Acho que a piora dos DIs hoje refletiu mais a questão da obstrução no Congresso, enquanto o exterior não tem direção única, com taxas subindo e caindo", avalia Lima, da Inter Asset.

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