Setor de serviços do Brasil contrai em julho no ritmo mais forte em mais de 4 anos, mostra PMI

Publicado 05.08.2025, 10:05
Atualizado 05.08.2025, 10:10
© Reuters. Vista do Rio de Janeiron18/06/2024. REUTERS/Pilar Olivares

Por Camila Moreira

SÃO PAULO (Reuters) - A atividade de serviços no Brasil registrou em julho o ritmo de contração mais intenso em mais de quatro anos, em meio a reduções nas vendas e produção, levando as empresas a cortar empregos pela primeira vez em nove meses e a uma piora da confiança, de acordo com uma pesquisa do setor privado divulgada nesta terça-feira.

O Índice de Gerentes de Compras (PMI) do setor, compilado pela S&P Global, caiu a 46,3 em julho, de 49,3 em junho, indo ainda mais abaixo da marca de 50 que separa crescimento de contração e registrando o nível mais baixo desde abril de 2021.

Com a retração também do setor industrial em julho, o PMI Composto do Brasil caiu a 46,6 no mês, de 48,7 em junho.

"Os dados do PMI sugerem que o setor privado do Brasil pode ter dificuldades para retomar o ímpeto no curto prazo, particularmente se as condições de demanda não melhorarem e as pressões de custos continuarem a aumentar", ressaltou Pollyanna De Lima, diretora associada de economia da S&P Global Market Intelligence.

"A combinação de incerteza política, política tarifária dos EUA, redução da confiança empresarial e condições econômicas desafiadoras apresenta um grande obstáculo para a recuperação sustentada", completou.

Na semana passada, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impôs uma tarifa de 50% sobre a maioria dos produtos brasileiros. Embora setores como aeronaves, energia e suco de laranja tenham sido poupados das taxas mais pesadas, outros como os de carne bovina e café, com importante peso na pauta de exportações do Brasil para os EUA, não foram isentados no decreto de quarta-feira de Trump.

A entrada de novos negócios para o setor de serviços caiu pelo quarto mês seguido em julho, e no ritmo mais forte desde abril de 2021, contribuindo para a maior contração da produção em quatro anos. Foram citados como motivos a competição acirrada, contenção da demanda e redução das vendas.

Esse cenário levou os fornecedores de serviços a cortarem funcionários pela primeira vez após oito meses de aumento do emprego, em meio à inadimplência dos clientes, alta carga tributária e esforços de reestruturação.

Os fornecedores de serviços ainda indicaram mais um aumento nos gastos operacionais, que atribuíram a aumentos nos custos de materiais, altas de impostos e taxa de câmbio desfavorável, embora a taxa de inflação tenha recuado para o menor nível em oito meses.

As empresas relataram preços mais altos por materiais de construção, eletricidade, alimentos, combustíveis e material de escritório.

Já os preços cobrados pelo fornecimento de serviços subiram no ritmo mais forte em cinco meses, ainda que a taxa de inflação tenha ficado abaixo da dos custos de insumos.

Em meio à inadimplência de clientes, problemas financeiros, competição acirrada, pressões de preços, fraqueza dos investimentos e expectativa de transtornos com a eleição presidencial de 2026, as empresas de serviços mostraram-se em julho menos confiantes em um aumento de produção ao longo dos próximos 12 meses. Assim, o nível de otimismo caiu para o menor patamar em mais de cinco anos.

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