BRASÍLIA (Reuters) - O setor público consolidado brasileiro registrou um déficit primário de 12,706 bilhões de reais em junho, divulgou o Banco Central nesta segunda-feira, queda de 5,8% sobre igual mês do ano passado, puxada por melhor desempenho do governo central.
O dado do mês veio em linha com expectativa apontada em pesquisa Reuters junto a analistas, que mostrava déficit primário de 12,5 bilhões de reais em junho.
No período, o rombo do governo central (governo federal, BC e Previdência) ficou em 12,212 bilhões de reais, ante 14,951 bilhões de reais um ano antes.
Na sexta-feira passada, o Tesouro informou que a performance do governo central no mês veio melhor que a esperada, mas foi positivamente impactada pela base de comparação.
Isso porque junho de 2018 foi marcado por gastos atípicos do governo federal, incluindo 3,6 bilhões de reais em emendas parlamentares e 1,7 bilhão de reais em aumento de capital de empresas estatais, entre as quais a Emgepron, empresa ligada à Marinha brasileira.
Enquanto isso, os governos regionais tiveram um déficit de 55 milhões de reais em junho, enquanto as empresas estatais apresentaram um saldo negativo de 439 milhões de reais.
No acumulado do primeiro semestre, o déficit do setor público consolidado é de 5,740 bilhões de reais, ante rombo de 14,424 bilhões de reais de igual etapa de 2018, melhoria calcada sobretudo nos resultados mostrados até aqui por Estados e municípios.
De janeiro a junho, o superávit dos entes regionais chegou a 19,077 bilhões de reais, alta de 44,4% sobre o mesmo período do ano passado. Apesar disso, a equipe econômica já ressaltou que espera que esse dado se deteriore daqui para frente, calculando que, no ano, haverá uma frustração de 10,3 bilhões de reais em relação à meta estabelecida para Estados e municípios.
O alvo de déficit primário do setor público consolidado para 2019 é de 132 bilhões de reais, composto por rombo de 139 bilhões de reais do governo central (Tesouro, Banco Central e Previdência), de déficit de 3,5 bilhões de reais das estatais federais e de superávit de 10,5 bilhões de reais de Estados e municípios.
Em 12 meses, o déficit do setor público consolidado alcançou 99,574 bilhões de reais, mostraram dados do BC nesta segunda-feira.
DÍVIDA
No mês, a dívida bruta ficou estável em 78,7% do PIB. Já a dívida líquida subiu a 55,2% do PIB, sobre 54,7% em maio.
Em junho, o dólar acumulou a maior queda para o mês em três anos, de 2,13%, na esteira de maior confiança na aprovação da reforma da Previdência e da expectativa de aumento de liquidez no mundo a partir de cenário de cortes de juros nos Estados Unidos.
Denominadas em dólares, as reservas internacionais passaram a valer menos em reais, aumentando assim a dívida líquida.
(Por Marcela Ayres)