BRASÍLIA (Reuters) - O setor público brasileiro registrou déficit primário de 10,061 bilhões de reais em junho, fechando o primeiro semestre com rombo recorde de 23,776 bilhões de reais, retrato da deterioração das contas públicas em meio à recessão econômica e sem sinais de reversão.
O resultado do mês foi basicamente impactado pelo déficit na Previdência, mostrou o Banco Central nesta sexta-feira, fazendo com que os números de junho e da primeira metade do ano fossem os piores para os respectivos períodos na série histórica, iniciada em dezembro de 2001.
O dado de junho do setor público --governo central, Estados, municípios e estatais-- veio melhor que a estimativa de déficit de 16 bilhões de reais em pesquisa Reuters. O resultado de agora foi ajudado pelo ingresso antecipado de 5,2 bilhões de reais por leilão de hidrelétricas.
Segundo o BC, o governo central (governo federal, BC e INSS), registrou déficit primário de 10,451 bilhões de reais no mês passado; só a Previdência teve rombo de 10,710 bilhões de reais.
No período, Estados e municípios tiveram superávit primário, economia para pagamento de juros da dívida pública, de 98 milhões de reais, enquanto para as empresas estatais o saldo ficou positivo em 291 milhões de reais.
Em 12 meses, o déficit do setor público consolidado passou a responder por 2,51 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), aproximando-se da meta do governo para o ano de rombo equivalente a 2,6 por cento do PIB, ou 163,9 bilhões de reais.
Se confirmado, este será o pior resultado das conta públicas da história, e o terceiro seguido no vermelho.
O BC informou ainda que o resultado nominal --receitas menos despesas, incluindo pagamento de juros-- ficou negativo em 32,174 bilhões de reais em junho para o setor público, acumulando no ano rombo de 197,087 bilhões de reais. Só no mês passado, a conta de juros somou 22,113 bilhões de reais.
A consequência para o país da falta de superávit primário é o aumento do endividamento público. Em junho, segundo o BC, a dívida líquida foi a 42 por cento do PIB, acima dos 39,6 por cento em maio, enquanto a dívida bruta teve leve queda no período, a 68,5 por cento do PIB, contra 68,6 por cento.
(Por Marcela Ayres)