Por Geoffrey Smith
Investing.com – Os títulos do governo do Reino Unido ampliavam o movimento de alta da sessão nesta sexta-feira, diante da expectativa de que a primeira-ministra Liz Truss seja forçada a abandonar seus planos de realizar um enorme pacote de cortes de impostos sem previsão orçamentária.
Às 8:25 de Brasília, a taxa do título de trinta anos do país, que havia superado a marca de 5% no início da semana, voltou para o patamar de 4,4%. O rali, no entanto, parecia estar perdendo vigor, diante de uma abertura em baixa de quatro pontos-base.
A taxa do “gilt” de dois anos, mais sensível às expectativas de mudanças nas taxas de juros promovidas pelo Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), recuava 175 pontos-base, para 3,73%, enquanto a nota referencial de dez anos registrava uma queda de 371 pontos-base, a 4,04%.
Os gilts tiveram uma semana bastante agitada, na medida em que diversos fundos de pensão britânicos alavancados foram forçados a elevar as margens de garantia para satisfazer exigências de capital em derivativos de taxas de juros mais longas. Para tanto, precisaram vender grandes quantidades de gilts, ativos mais líquidos em suas carteiras. Isso fez com que as taxas de juros de mercado atingissem o maior nível desde o período anterior à Crise Financeira de 2008.
O Banco da Inglaterra injetou quase 18 bilhões de libras de liquidez no mercado, comprando gilts vendidos pelos fundos de pensão, mas declarou, nesta semana, que encerrará suas compras imediatas na sexta-feira. O banco emitiu um comunicado na sexta pela manhã dizendo que se reservava o direito de ajustar o atual teto de 10 bilhões de libras nas compras de hoje, se necessário. A instituição estabeleceu um limite máximo de 65 bilhões, a fim de garantir que as condições no mercado mais importante do Reino Unido seguissem em ordem.
Os gilts e a libra esterlina subiram forte na quinta-feira, em antecipação a uma grande virada de posição de Truss e seu ministro da economia, Kwasi Kwarteng. Truss já havia descartado o plano de cortar o imposto de renda dos contribuintes mais ricos do país, mas isso representa uma pequena fração da renúncia fiscal estimada em mais de 100 bilhões de libras.
A Sky News e outros veículos de imprensa noticiaram que Kwarteng – que voltará ao Reino Unido pela manhã após uma breve participação na reunião de outono do Fundo Monetário Internacional – permitirá que a taxa do imposto de renda corporativo suba no próximo ano. Seu antecessor, Rishi Sunak, pretendia elevá-la para 25% a partir de um nível de emergência de 19% adotado durante a pandemia.
O Times, por sua vez, informou, no fim de quinta-feira, que os parlamentares do Partido Conservador já estavam traçando planos de depor Truss da posição de líder, depois de menos de dois meses no cargo, substituindo-a por uma combinação de Sunak e Penny Mordaunt, dois candidatos que foram vencidos por ela na corrida para suceder Boris Johnson no verão local.
“Os mercados não estão ‘woke’, os mercados não estão à esquerda. O fato de que não são de esquerda, antigoverno, o fato de que sofreram uma reviravolta é algo que deve ser levado muito a sério”, declarou Alicia Kearns, nova presidente do Comitê de Relações Exteriores, em uma entrevista de rádio na quinta-feira.
Os Conservadores perderam muito apoio popular por causa do turbilhão das duas últimas semanas. Duas pesquisas em 48 horas, feitas por YouGov e Polling People, mostraram que o apoio ao Partido Trabalhista de oposição superou 50%, ficando abaixo de 20% para os Tories.