Por Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - As vendas no varejo do Brasil subiram menos do que o esperado em março e encerraram o primeiro trimestre com leve ganho, em um ritmo modesto refletindo o cenário de fraqueza econômica no país.
Na comparação com o mês anterior, as vendas varejistas tiveram ganho de 0,3 por cento, informou nesta quinta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Esse foi o resultado mais fraco para o mês de março em dois anos e ficou abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters de ganho de 0,8 por cento.
Em relação ao mesmo período do ano anterior, houve recuo de 4,5 por cento, interrompendo sete meses de alta e numa contração mais forte do que a projeção de perda de 2,63 por cento na mediana das estimativas.
Desa forma, as vendas no varejo terminaram o primeiro trimestre com alta de 0,2 por cento sobre os três últimos meses de 2018, mostrando perda de força ante o ganho de 0,6 por cento do quarto trimestre sobre o período anterior.
O varejo reflete o cenário de morosidade da economia apesar da inflação moderada, com um mercado de trabalho com mais de 13 milhões de desempregados. A indústria já havia mostrado em março queda de 1,e por cento, ritmo mais forte para o mês em dois anos.
"Houve uma desaceleração, uma perda de ritmo no trimestre provocada pela baixa da atividade econômica, um mercado de trabalho com muitos desempregados e informais e uma subida de preços de alimentos e combustíveis. Isso afetou o poder de compra das pessoas no trimestre”, explicou a gerente da pesquisa, Isabella Nunes.
O IBGE apontou que, entre as atividades pesquisadas no varejo, as vendas de Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos aumentaram 1,4 por cento e as de Outros artigos de uso pessoal e doméstico subiram 0,7 por cento. A comercialização de Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação subiram 2,9 por cento.
Entretanto, cinco das oito atividades tiveram queda nas vendas, com destaque para Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,4 por cento) e Combustíveis e lubrificantes (-0,8 por cento).
No varejo ampliado, que inclui veículos e material de construção, houve aumento de 1,1 por cento das vendas em março sobre o mês anterior, com crescimento de 4,5 por cento entre Veículos e motos, partes e peças e de 2,1 por cento de Material de construção.
As expectativas do mercado para o crescimento econômico do Brasil vêm sofrendo sucessivas reduções. A pesquisa Focus mais recente do Banco Central mostrou que os economistas consultados veem expansão de 1,49 por cento em 2019, indo a 2,50 no próximo ano.