Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier
SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) -O volume de serviços no Brasil cresceu mais do que o esperado em fevereiro, impulsionado principalmente pela atividade de transporte rodoviário de cargas.
Em fevereiro, o setor registrou alta de 1,1% do volume na comparação com o mês anterior, informou nesta sexta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado ficou acima da expectativa em pesquisa da Reuters de avanço de 0,4% e foi a melhor leitura para fevereiro desde 2021, mas não apaga a queda de 3,0% registrada em janeiro.
“Apesar da queda de janeiro os sinais eram de que não havia inflexão no setor de serviços no país e isso se confirma com o resultado de fevereiro", afirmou o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo.
Com o resultado de fevereiro, o setor está 11,5% acima do nível pré-pandemia, de fevereiro de 2020, e 2,0% abaixo do ponto mais alto da série histórica, alcançado em dezembro de 2022.
Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, houve crescimento de 5,4% no volume, enquanto economistas esperavam alta de 4,8%.
"Em fevereiro, houve uma recuperação de parte da perda verificada em janeiro. A configuração do setor de serviços, portanto, não se altera significativamente nos primeiros dois meses de 2023”, analisou Lobo.
"Os segmentos mais dinâmicos seguem apresentando bom desempenho, enquanto aqueles mais afetados pela pandemia, principalmente as atividades presenciais, já superaram o longo distanciamento que tinham do período pré-pandemia", completou.
A expectativa do mercado é de moderação da atividade de serviços ao longo de 2023. Se por um lado os fornecedores de serviços podem contar com o efeito positivo do desemprego baixo e das políticas de transferência de renda do governo, por outro pesam sobre o setor os juros altos que encarecem o crédito e o esgotamento do impulso da normalização pós-pandemia.
O IBGE destacou no mês a alta de 2,3% no volume do setor de transportes, representando o maior impacto positivo em fevereiro, depois de ter marcado a maior influência negativa em janeiro.
“O transporte rodoviário de cargas, que é o principal modal por onde se deslocam as mercadorias nas estradas brasileiras, segue sendo beneficiado pela demanda crescente vinda do agronegócio, do comércio eletrônico e, em menor escala, do setor industrial, notadamente dos bens de capital e dos bens intermediários, que operam acima do nível pré-pandemia”, detalhou Lobo.
Enquanto o volume de transporte de passageiros no Brasil registrou expansão de 2,6% em fevereiro, o transporte de cargas, por sua vez, cresceu 2,0%.
Em fevereiro também tiveram desempenhos positivos os serviços de informação e comunicação (1,6%) e os outros serviços (0,7%).
“Tecnologia da informação e transporte terrestre são pilares para o setor de serviços, que o levaram ao pico em dezembro de 2023”, destacou Lobo.
O índice de atividades turísticas, por sua vez, mostrou recuo de 0,7%, depois de dois meses seguidos de avanços. Com esse resultado, o segmento está 1,9% acima do patamar de fevereiro de 2020 e 5,2% abaixo do ponto mais alto da série, de fevereiro de 2014.
(Por Camila MoreiraEdição de Luana Maria Benedito)