Alckmin e secretário do Comércio dos EUA acertam reuniões bilaterais para os próximos dias

Publicado 06.03.2025, 20:17
Atualizado 07.03.2025, 09:30
© Reuters. Vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckminn10/12/2024nREUTERS/Adriano Machado

Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) -O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, reuniu-se na quinta-feira com o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, e o representante comercial norte-americano, Jamieson Greer, em uma primeira conversa sobre as tarifas impostas às exportações brasileiras, e acertaram que serão mantidas novas reuniões nos próximos dias.

Uma nova conversa deve acontecer nesta sexta-feira, dessa vez entre o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e Jamieson Greer, contou à Reuters uma fonte a par das negociações. A intenção é dar sequências para as conversas para tentar evitar a taxação do aço e alumínio brasileiros antes do dia 12 deste mês, quando a tarifa entra em vigor.

Uma fonte presente na conversa disse à Reuters que Alckmin pediu a Lutnick o adiamento do início da implantação da tarifa de 25%. O Secretário norte-americano disse que levaria o pedido a Trump e que ele pareceu "simpático" à ideia, contou a fonte. Mas não há decisão por enquanto, e um grupo técnico foi determinado para continuar as conversas até o dia 12.

Alckmin e os norte-americanos conversaram na quinta durante 50 minutos por videoconferência.

"O vice-presidente considerou positiva a conversa e acredita que, através do diálogo, será possível chegar a um bom entendimento sobre a política tarifária e outras questões que envolvam a política comercial entre os países", informou em nota o gabinete da vice-presidência.

A intenção do governo brasileiro é que os EUA retomem ao menos uma cota de importação sem tarifa, no mesmo sistema que funcionou até agora.

A argumentação do governo brasileiro, de acordo com uma fonte ouvida pela Reuters, é de que o país tem um déficit comercial com os EUA, sendo hoje um dos poucos com exportações diretas nesta situação. Nas contas do governo brasileiro, o déficit do Brasil está em torno de US$250 milhões, mas as contas norte-americanas estimam resultado ainda maior, de US$7 bilhões.

A taxação de um dos principais produtos da pauta de exportações do Brasil daria um sinal inverso ao que os norte-americanos gostariam de passar. Se um país que tem déficit comercial também é taxado, não haveria muito incentivo para que países com superávit comercial com os EUA tentassem equilibrar a balança, argumenta a fonte.

O Brasil exportou no ano passado 4,3 milhões de toneladas de aço para os EUA, o que representaria cerca de 48% das vendas do produto brasileiro, de acordo com dados do governo federal.

A abertura de um diálogo neste momento prepara também um canal para o governo brasileiro debater novas medidas que vêm por aí. Trump prometeu outras tarifas a partir de 2 de abril para países que, na visão do bilionário, aplicam taxas de importação altas contra produtos dos EUA. Em nota divulgada pela Casa Branca, o etanol brasileiro é citado diretamente.

Há um temor de que essas novas medidas ampliem os produtos brasileiros a serem taxados, sob alegação de que o Brasil aplica tarifas altas a itens norte-americanos equivalentes.

Nas discussões, o Brasil pretende mostrar que dos dez produtos que o país mais importa dos norte-americanos, oito têm tarifas zero, e a tarifa média praticada fica em 2,73%. Do outro lado, a tarifa média praticada pelos EUA para produtos brasileiros é de 3,5%.

(Edição Alberto Alerigi Jr.)

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